
Autora: Hata
Status: Finalizada
Revisada por: Hata
Categoria: Free Fics
Sub-Categoria: ShortFic - Romance
- Hum, aquele seu amigo Pedro nada mal também hein.
- Odeio ter que ser a primeira a te informar, mas... ele é gay. - todas as mulheres, até mesmo algumas enfermeiras, fizeram cara de surpresa.
- Quanto desperdício... Aqueles olhos, peitoral, costas, braços, e boca... - uma delas disse inconformada.
- Fora que ele é da Pediatria, gosta de crianças! - uma das enfermeiras disse pesarosa.
- Mas e o Dr. Aguiar hein? - a loira rolou os olhos. - Ah qual é, Lua, nem você pode dizer que ele não é lindo.
- Mas eu não acho mesmo. - retrucou - Não sei o que todas vêem nele...
- São os olhos Castanhos. - uma das residentes comentou com o olhar nas nuvens.
- E as mãos grandes... - uma ruiva adicionou.
- E aqueles músculos escondidos debaixo da camisa. - uma outra completou.
- Por falar em camisa, ele sempre anda bem vestido, viram só o sobretudo dele hoje?! - uma enfermeiras se meteu na conversa.
- Ai o carro então! - a ruiva voltou a palpitar.
- E dizem que que ele tem um sorriso de derreter qualquer uma! - Bia, a melhor amiga, disse deixando todas tentando imaginar.
- Até parece, aquele ali não sabe nem mesmo como se escreve essa palavra. - a loira disse desinteressada.
- Ele deve ser ótimo na cama... - nem teve tempo de mostrar sua expressão de inconformada e sentiu seu pager vibrar.
- Parece que além de tudo ele tem sexto sentido. - Bia murmurou rindo.
Nem 5 minutos depois e Lua já estava prontamente esperando o Dr. Aguiar em seu consultório.
- Está atrasada. - disse assim que passou por ela indo se sentar.
- Eu cheguei aqui ante-
- Eu estava fazendo o seu trabalho e explicando pra família o diagnóstico. - ela mordeu a língua para não responder. - Mas já que finalmente chegou, tome. - ele estendeu duas notas. - Grande, preto, sem creme.
- E sem açúcar - completou a frase.
Diferentemente de 1 ano atrás ela nem sequer tentou convencê-lo de que poderia fazer outras coisas, pegou o dinheiro e saiu em busca da cafeína matinal.
No refeitório encontrou Bia praticando pontos em uma banana.
- E então? Como está o nosso querido Doutor? - perguntou assim que a loira sentou-se ao seu lado.
- Um idiota, como sempre. Praticando pontos ainda? - perguntou bebericando o café.
- Er... Lua, por um acaso esse café não era do Sr. Melhor Médico de Todo o Hospital?
- Ele não liga. - no fundo ela sabia que toda aquela jornada por cafeína todos os dias era só pra que ela se irritasse, porque isso sim era o real motivo da vida de Arthur Aguiar.
E como quase sempre que pensava nele, mais uma vez o pager vibrou indicando que ela já tinha demorado o suficiente e ele estava mais uma vez impaciente.
- Não se esqueça da festa hoje de noite ta?! - Bia disse olhando orgulhosa para a banana suturada com perfeição.
Lua rolou os olhos e saiu apressada.
.-.-.
7 horas depois, 13 horas da tarde, mais conhecida como hora do almoço.
Bia e Pedro ainda não tinham aparecido, provavelmente estavam a caminho, mas seus poucos minutos de felicidade e paz durariam pouco, então mergulhou na comida, a responsável pela animação do dia.
- Vai ter que ficar até mais tarde hoje. - em menos de dois segundos sua alegria foi desmanchada pelo motivo de todo o ódio contido no corpo de LuaBlanco.
- Hum... - disse como se já esperasse por aquilo.
"24h, 36h, 48h sem muita diferença né" pensava consigo mesma.
Olhou discretamente em volta e percebeu alguns olhares curiosos sobre a mesa onde sentava uma residente sem brilho e um renomado Dr. que nunca colocava os pés no refeitório. E de relance viu seus amigos passando ao seu lado com olhares que diziam "ih sinto muito" e seguiam para outras mesas.
- Dra. Arantes... - Bia se virou exibindo um sorriso amarelo. - estava dizendo agora mesmo para a Dra. Blanco que ela não poderá comparecer à festinha hoje à noite, espero que compreenda, é claro.
Bia olhou de Lua, que lançava olhares de desgosto para o chefe, para Arthur que sorria, quase que gentilmente, sem mostrar os dentes para a subordinada.
- Compreendo, é claro. - disse frisando as últimas palavras.
- Se nos dá licença, temos muito o que fazer. - Arthur se levantou e esperou até que Lua fizesse o mesmo.
Antes de sair do local a jovem pode perceber algumas risadinhas de residentes que davam graças a Deus por não terem que lidar todos os dias com um ser como ele.
- Você vai? - provocou.
- Espero que esteja perguntando se eu vou terminar relatórios agora, Dra. Blanco. - respondeu sem nem olhar para ela.
- Não, eu estava perguntando se ia à festa mesmo. - perguntou assim que entraram no elevador vazio.
Ela observou vitoriosa o peito do médico subir lentamente duas vezes.
"Arrogante idiota, se fosse um pouco mais decente e humano nem o Pedro mediria esforços pra ter sua companhia. Mas nasceu assim, então agora a única companhia que vai ter numa sexta à noite vai ser uma prostituta, isso é: se ela não fugir." ria internamente.
Ele, aparentemente já controlado, apertou o botão que parava o elevador. Se virou para a residente, que trocava a expressão vitoriosa por uma mais séria, e sorriu ao observá-la.
- Estarei lá. - disse calmamente enquanto encurralava a garota contra a parede. - Mais alguma pergunta?
- Só mais uma, - e cometeu o erro de olhar dentro dos olhos Castanhos dele. - Nós ahm... er, eu... Quais são as... as ordens pra hoje à noite?
Sorriu de lado, vitorioso, ouvindo Blanco gaguejar diante do espaço entre eles. Se afastou e apertou o botão, com um tranco voltaram a subir em silêncio.
.-.-.
Lua dava passos pesados, andando com o punho esmagando a caneta que segurava. Pediu com desgosto os exames dos "pacientes do Dr. Aguiar" e emendou um "por favor" entre os dentes quando o mocinho do laboratório fez cara de quem não cooperaria em nada com ela.
- Sua raiva por ele é tão grande que da pra cortar com uma faca. - se virou e viu um Pedro com um sorriso gigante, tão alegre quanto o dinossauro vermelho que vinha pendurado em seu jaleco.
- Esse seu dinossauro grita "Pediatria" e só não é mais vergonhoso quanto o uniforme rosa da Obstetria que a Bia está usando hoje. - respondeu dando um peteleco no bichinho.
- Vou deixar passar essa e a história que eu sou gay, mas só porque eu fiquei sabendo que alguém vai ter que cumprir mais de 36h hoje e não vai poder ir na festinha hoje à noite. - e como se fosse possível aumentou mais ainda o sorriso.
- Nem me importo, só queria ir mesmo porque fiquei sabendo que o Dr. Nicholls ia fazer uma surpresinha pra Bia... - Pedro fez careta imediatamente.
- Ew, coitada da Arantes, ninguém merece aquele velho no pé 24h sem parar...
- 37 anos nem é tão velho... E de nada, viu? - ele levantou uma sobrancelha desentendido. - Quem estava perguntando sobre você era a Dr. Grude, isso mesmo, beije minhas mãos porque eu sou um anjo!
Pedro se ajoelhou e beijou a mão esquerda de Lua bem no momento que o moço do laboratório surgiu com 5 envelopes de exames em mãos.
- Obrigada. - Lua disse arrancando os exames dele e saindo sem nem se despedir de nenhum dos dois.
Passou em frente ao elevador, mas se lembrou de mais cedo. Quando não conseguia nem mesmo formar frases conexas diante dos olhos dele, mal respirava e sentia o hálito fresco dele tão perto, quando viu aquele sorriso arrogante e mal podia acreditar que suas pernas, sim, as pernas de Lua Blanco haviam ficado ligeiramente bambas.
Balançou a cabeça espantando os pensamentos e decidiu pelas escadas. Mal chegou no 3º andar e quase não respirava mais, ao chegar no 5º então se amaldiçoava eternamente por não ter pego o elevador. Saiu no andar e se apoiou no balcão das enfermeiras com a respiração ofegante, uma delas, que estava na discussão de mais cedo, pegou o telefone prontamente.
- Chamo o Dr. Aguiar? - Lua respondeu com um joinha.
- Você não ficou sem fôlego ontem à noite, hein Dra. Blanco! - disse ao esbarrar nela um Pedro rindo e apressado, que provavelmente tinha pegado o elevador.
Antes que pudesse sorrir - ou xingá-lo - viu uma enfermeira com os olhos arregalados e um sorrisinho maldoso, não teve surpresas ao se virar e dar de cara com as mandíbulas cerradas com força uma contra a outra e um olhar de culpa e raiva sendo lançado contra Lua.
- Mas que idiota... - disse olhando para a enfermeira, o que não pareceu deixá-la menos surpresa.
- Agora que todos sabem da sua vida sexual, espero que ainda consiga "ter fôlego" pros seus pacientes Dra. Blanco. - Arthur disse praticamente cuspindo o nome dela.
Amaldiçoou mentalmente o dinossauro vermelho do Pedro e foi cumprir seu trabalho.
.-.-.
4 horas depois, 17 horas da tarde, mais conhecida como a hora do chá da soneca.
- Alguém viu Dr. Aguiar? - Lua não podia explicar, mas estava com mais sono do que devia estar e precisava deitar sem ser interrompida.
- Ele ta na Emergência. - Bia disse enquanto sentava nas camas da sala de descanso, em teoria para aqueles que ficavam horas e horas em pé dando plantão.
- Aham, conta outra, aquele homem não quer ajudar as pessoas assim, ele é um idiota que só quer curar as doenças, não as pessoas. - até sua melhor amiga parou para encarar a raiva da menina.
- É sério, ele tá lá embaixo.
- Ótimo. - nem dois minutos e ela já estava deitada em uma das beliches dormindo.
Acordou ainda sonolenta com a porta se abrindo e uma sombra saindo e outra entrando, quantos minutos faria que estava dormindo? 15? 25? A dor nas costas indicava mais, mas não podia, se tivesse dormido mais de 1h seria seu fim, certeza.
- Lua - sentiu um calafrio quando ouviu aquele tom tão perto do seu rosto. - Lua Blanco, você ta legal?
- Dr. Aguiar! - assim que teve certeza de que não era um sonho se levantou rapidamente, batendo a cabeça na da outra pessoa e vendo tudo preto depois de levantar rápido demais. - Desculpa, desculpa.
- Ouch, tudo bem, tudo bem... Você ta okay? - Perguntou se sentando na cama e pressionando a testa com a mão. Ela se deitou para acalmar a tontura.
- To, não doeu tanto assim-
- Você sabe como deixar alguém preocupado. - ela tinha ouvido certo? Ele tinha acabado de dizer que estava preocupado com ela?! Só sentiu ele a empurrando e deitando de lado ao lado dela.
- Eu só sumi por o que? 20 minutos? A Charl- digo, Dra. Arantes disse que você tava na Emergência.
- Blanco, você sabe o que tomou? - ela se virou de modo a olhar o rosto dele.
- O que você tem a ver com o que eu tomo? - ele sorriu de lado, daquele jeito irritantemente arrogante.
- Eu não tenho nada a ver com seu anticoncepcional, Blanco, ou não teria, se você não tivesse pego meu remédio em vez do seu.
Como um flash ela se lembrou de passar no consultório procurando o remédio que não estava no jaleco e pegar o potinho branco igual ao seu em cima da mesa, sem nem ao menos conferir se era seu mesmo tomou o remédio com um gole da garrafinha de água.
- Dr. Aguiar? - ele respondeu um "Hum" quase inaudível. - Que horas são?
- Exatamente 18:27 da tarde, Dra. Blanco. - ela engoliu seco. - Dormiu demais, não?! Sorte a sua que não chegou nenhum caso grave nas minhas mãos.
- Dr. Aguiar? - ele respondeu da mesma maneira - Por que raios você tem calmantes no seu consultório?
- E você acha que é fácil te aguentar o dia todo sem tomar um desses?!
Ela o encarou séria e ele sorriu irritantemente. Por um segundo ela achou que ele ia se levantar, mas não.
Ele se aproximou, posicionou as mãos em torno da cintura da loira e encaixou os lábios de ambos. Para ela foi como se um choque percorresse seu corpo. Quando sentiu a boca dele se afastando abriu os olhos dando de cara com um Arthur Aguiar sorrindo, mas de um jeito diferente, mostrando os dentes brancos, um sorriso, como previra Bia, "de derreter qualquer uma". Abriu a boca ao menos três vezes tentando dizer algo, mas as palavras lhe fugiam da cabeça.
"De novo, mais uma vez, só mais uma vez" era tudo que sua mente pensava.
- Desculpa. - ele disse sem graça. - Não resisti. - ela ficou boquiaberta e ele completou. - Não me provoque.
E moveu uma de suas mãos para a nuca dela, a trazendo para perto e a beijando novamente, dessa vez mais demoradamente. Sem se desgrudar ele pediu passagem com a língua e ela não o impediu, ao contrário, sua mão foi parar no cabelo dele, envolvendo ainda mais os dois.
Depois de alguns minutos assim, nesse beija e separa, um pager vibrou e ele xingou baixinho, era Bia provavelmente preocupada. Ele fez um carinho gostoso na bochecha dela e ela ficou brincando com o cabelo dele, até que ele quebrasse o silêncio.
- Não é profissional duas pessoas que trabalham juntas se beijarem. - ele sorriu daquele jeito, fazendo-a se derreter mais uma vez.
- Então acho que isso não pode acontecer nunca mais. - disse beijando-lhe mais uma vez.
- Nunca mais? - ele perguntou ao meio do beijo.
- Nunca.
Mais alguns minutos se passaram e o silêncio prevaleceu novamente, e mais uma vez ele o quebrou:
- Nunca mesmo? - ela rolou olhos e ele riu de lado.
- Nós podemos decidir isso do seu jeito idiota de ser, com obviamente eu me transferindo no final - o mais velho roubou-lhe um selinho antes que continuasse - ou podemos encarar tudo como grandes adultos e simplesmente ignorarmos esses últimos momentos.
Não houve tempo pra outras sugestões, um pager vibrou, dessa vez não era Bia.
- É o seu ou o meu? - ele perguntou sem piscar.
- Deve ser o meu... - respondeu baixinho.
- E então?
- Hm... - sorriu como se já previsse que aquilo acabaria a qualquer momento e para sempre.
- Talvez haja mais de duas opções. - e dito isso se levantou deixando uma Lua um tanto descabelada sozinha.
.-.-.
O resto do dia ele a tratou como sempre, sendo arrogante, com sorrisinhos falsos, ironias e um sarcasmo de dar vontade de socar a pessoa. Até piadinhas sobre o fato dela ter se confundido na hora de pegar o remédio foram feitas.
Ela no começo ficou confusa, primeiro achou que algo tinha mudado, mas é claro que não. Arthur Aguiar nunca mudaria. Devia ter tomado seu anticoncepcional pra ficar daquele jeito bonitinho. Seria sempre o mesmo chato arrogante de sempre.
Jogou milhares de relatórios para que ela fizesse, mandou que ela ajudasse na Emergência e adicionou pelo menos mais 9 exames a serem feitos por ela mesma.
No final ela já o tratava como sempre, chegaram até a discutir sobre um paciente, mas não teve resultado, não importava o quão teimosa ela fosse, ele nunca aceitaria nenhuma idéia vindo dela. Era como se de tarde aquele não fosse ele e sim outra pessoa completamente oposta a ele.
O clímax de tudo foi quando um casal que sofrera um acidente, e só tinham um ao outro, voltou da cirurgia e Arthur insistiu que ela teria que dar a notícia ao marido que sobrevivera. Sempre se sentia péssima em fazer isso, mas dessa vez foi pior, depois de tudo Arthur ficou dizendo o quão firme ela deveria ter sido, o quanto ela se mostrou fraca diante do senhor. E como ela teria de ser a única a estar junto do marido quando ele decidisse a desligar os aparelhos da mulher. Foi a gota d'água.
.-.-.
3 horas depois, 22 horas, mais conhecida como 4 horas depois da hora da saída.
- O que ainda faz por aqui, Blanco? - a jovem deu um pulo na cadeira ao ouvir a voz de Arthur.
- Terminando alguns relatórios sobre o casal do acidente. - respondeu sem olhar para o chefe.
Lentamente ele caminhou até a mesa, se sentou em uma das cadeiras opostas a ela e pegou o relatório em mãos. Ela bufou e se jogou na cadeira, esperando que ele apontasse mais algum erro gigantesco que faria ela ter que revisar todos os relatórios do dia.
- Ótimo, pode deixar que eu termino. - esperou para que alguém pulasse com uma câmera e dissesse " AHÁ! PEGADINHAA!". - Ainda da tempo de você ir pra festa.
Ninguém pulou, ninguém gritou, mas ela desejou imensamente que alguém tivesse feito isso impedido que ela dissesse:
- Você é o idiota mais arrogante, que eu já conheci. - ele sorriu de lado como sempre e ela completou - E eu não faço idéia da onde surgiram aquelas duas pessoas que se aturaram hoje à tarde.
- Eu não-
- E por favor não se faça de desentendido okay?! Infelizmente aconteceu e aparentemente eu não sou adulta o suficiente pra te aturar de boca fechada, então eu só estou te avisando que amanhã de manhã vou dar entrada no pedido de transferência. - ele ouvia tudo calado. - Você é um médico brilhante, foi só por esse motivo que eu te aguentei por tanto tempo, e como todo bom médico você é arrogante, mas em uma escala que ninguém nunca vai conseguir aturar. E é por isso que todo mundo te respeita, ou tem medo, também já nem sei mais...
- Infelizmente?! - ela parou de tagarelar e olhou pra ele com a testa franzida. - Um médico que preste tem que causar silêncio ou críticas nas pessoas, isso significa que ele ainda tem um emprego porque é muito bom, senão já teria sido mandado embora. Mas você não tem o direito de julgar as pessoas por quem elas são no trabalho. Aquela pessoa que eu vi, ou melhor, que você viu e gostou hoje de tarde não pode ser a mesma no trabalho que euexecuto. Do mesmo jeito que você não é sempre aquela coisinha teimosa que algum dia vai ser uma médica talvez tão boa quanto eu. Eu não me arrependo de nada hoje, e se eu fosse você não jogaria pra cima tudo o que você aprendeu e conviveu aqui só porque eu sou um pouco mais exigente com você do que eu sou com a maioria das pessoas. - ela continuou calada e ele mudou o tom - Como eu ia dizendo, eu não sei quanto a você, mas eu adoraria trazer aquelas pessoas que se aturaram hoje à tarde pra uma festa.
Ela se levantou e ele acompanhou o movimento dela. Ela pegou os relatórios da mesa e se dirigiu a porta, deixando o mais velho olhando para o vazio.
- Te encontro no estacionamento. - ele sorriu ao ouvi-la dizer essas palavras e logo depois desaparecer no corredor.
.-.-.
- Hey Pedro... - se encontraram a caminho de entregar os relatórios. - Achei que já tinha saído.
- Ah, relatórios de última hora... - sorriu sem graça.
- Sei... Vai pra festa em casa agora? - perguntou sorrindo.
- Vou, e você? Alguma chance de ser liberada? - perguntou com uma cara de pena.
- Na verdade to saindo agora. - ele arregalou os olhos surpreso.
- Uau, quer dizer que Arthur Aguiar na verdade tem um coração. - ela riu e entregou a papelada.
- Shh, não espalha! - brincou fazendo sinal de silêncio.
- Ah mas a Bia não voltou com seu carro? - ela fez que sim com a cabeça - Quer uma carona?
- Não precisa, obrigada. - caminharam em silêncio até os armários.
Desceram para o lobby, se dirigindo ao estacionamento, com Pedro carregando gentilmente os pesados sobretudos dos dois. Vestiram os casacos, luvas e cachecóis e o homem fez uma careta ao encarar o frio e a neve caindo.
- Tchaau! - ele que tinha continuado andando mal reparou que ela tinha ficado parada.
Ao se virar para responder viu um Arthur puxando a garota para o lado oposto, riu internamente, ninguém acreditaria quando contasse que viu essa cena.
- Que pressa! - ela disse a ele enquanto se dirigiam ao carro.
- Sei como mulheres detestam molhar o cabelo nessa neve... - ela riu alto e ele se mostrou confuso.
- Sei, sei... já saímos do trabalho, pode admitir que você detestaria ver seu penteado tão bem despenteado ser desfeito por essa neve toda. - ela riu alto até que ele soltou da sua mão, ficando para trás. - O que foi?
Ela se assustou, talvez ele desse pra trás, talvez ela tivesse se enganado e entendido-o como uma diferente pessoa. Ficou ainda mais tensa ao vê-lo sorrir. Com aquele sorriso.
- Quer dizer que você é chatinha fora do serviço também?! - ela sorriu aliviada. - Você não vem? - apontou para o carro.
- Mas nosso estacionamento é só lá na ponta...
"Idiota, é lógico que um médico não estaciona no mesmo lugar de meros mortais residentes." se xingou mentalmente ao vê-lo ficar um pouco sem graça. Andou até ele que a segurou sério.
- Acho que eu não vai dar certo, você e eu somos muito diferentes - a loira o encarou descrente, o coração batendo rápido, como se fossem as últimas batidas. - Por exemplo, você aturaria um cara que tem um carro desses?
Ela se virou e viu um Mini Cooper azul escuro, desses completamente comuns na terra da rainha.
- Não acredito que você dirige um Mini! - disse gargalhando.
- O queee?! Foi meu primeiro carro! - Ele abriu e ambos entraram.
- Não acredito que você, um dos médicos mais bem pagos desse lugar tem um Mini! - dizia entre gargalhadas.
- Espera só até conhecer os outros carros, aí eu quero ver quem vai rir. - disse se fingindo de bravo.
- Arthur, era só brincadeira... - ele abriu um sorriso enorme assim que ouviu seu primeiro nome na voz dela. - Então, Dr. Aguiar, vai só me dar uma carona ou vai pra festa também?
Ele encarou ela sério e parou o carro já no meio da rua. A loira logo imaginou que seria jogada para fora ou algo do gênero, fazendo com que ele se divertisse com a expressão dela.
- Achei que a gente podia fazer umas coisas mais interessantes... - e quase mandou a mulher pro céu ao morder o lábio.
- Que tipo de coisa? - perguntou tentando não parecer empolgada.
- Vou ser bonzinho... - ele continuou olhando fundo nos olhos dela. - Podemos ir pra festa na sua casa, com aquele monte de gente do hospital ou...
- Ou... - sussurrou fazendo ele sorrir.
- Ou fazer a nossa própria festa na minha casa. só nós dois... entre quatro paredes, em uma cama, ou talvez uma banheira, um sofá, você escolhe. - terminou lançando um olhar pervertido para ela.
A loira se esticou e lentamente encostou os lábios nos do mais velho e antes que ele pudesse beijá-la propriamente ela se afastou e o clima entre os dois deixou claro para qual casa seguiriam.
FIM
amei *-*
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