16 de agosto de 2013

Closer - Capitulo único




Verão. Sol. Piscina. Cerveja. Amigos.
Alguém precisa de mais alguma coisa? Eu não!
Arthur, me solta!!’ Luinha batia em minhas costas enquanto eu me aproximava da piscina rindo. 
‘Você quer mesmo que eu te solte?’ Virei de costas pra piscina e ela percebeu que se eu a soltasse ela iria direto pra água.
‘NÃO! Não me solta aqui, me bota no chão! Em terra firme!!’ Ela ainda me batia, cada vez com mais força. Eu o os meninos apenas ríamos das tentativas frustradas dela se soltar.
‘Ok, ok. Você venceu!’ Botei a Luinha no chão ainda rindo e ela me deu um tapa no braço que realmente doeu. ‘Outch, pequena, isso dói!’ Passei a mão pelo lugar e reparei que os cinco dedos dela tinham ficado marcados na minha pele branca.
‘Era pra doer mesmo, Arthur!’ Ela falou séria e saiu andando pra dentro de casa.
‘ÊÊ, se ferrou, Aguiar!’ Ouvi Chay berrar enquanto Micael e Pedro davam risada. Suspirei e entrei dentro de casa.
Luinha!’ Chamei, mas ela não se virou e continuou andando entrando na cozinha logo em seguida. ‘Luinha, deixa de besteira!’ Entrei na cozinha e a vi sentada na bancada com os braços cruzados. Ela fica incrivelmente fofa quando tá emburrada, preciso lembrar de comentar isso com ela depois.
‘Não teve graça, Arthur.’ Ela continuava séria e eu sorri botando minhas mãos em volta dela na bancada. 
‘Ah, pequena, foi engraçado vai.’ Tentei fazer cócegas nela, mas ela se encolheu e eu parei.
‘Teve pra você que não ficou com a bunda pra cima no meio de 3 meninos!’ Ela me olhou ainda sem sorrir. Fiquei um tempo em silêncio sem desviar o olhar dela.
‘Desculpa.’ Falei baixo e ela abriu um sorriso no canto da boca. 
‘Promete que não faz mais isso?’ Ela encostou a testa na minha e eu sorri.
‘Prometo!’ A abracei pela cintura e dei um beijo no pescoço dela que se encolheu. Sabia que ela sentia cócegas no pescoço. ‘Tô desculpado?’ A olhei de novo.
‘Só se me levar de cavalinho lá pra fora.’ Ela sorriu marota. Incrível como ela sempre se aproveita dos meus momentos de fraqueza! Virei de costas e ela cruzou as penas em minha cintura e os braços em meu pescoço.
‘Sabia que você não é mais aquela garotinha de 15 anos?’ Perguntei já esperando por um tapa na cabeça, mas acho que ela não entendeu o que eu quis dizer.
‘O que você quis dizer com isso, Aguiar?’ Há, não disse?! A Luinha é meio lenta às vezes.
‘Quis dizer que você não é mais uma pirralha tão leve quanto aquela que eu conheci.’ Outch, sabia que uma hora ela ia me bater.
‘Você quer dizer que eu engordei?’ Ela perguntou dando tapinhas em meu ombro. Isso, eu sou saco de pancada, Lua, bate mais.
‘Não, só quis dizer que você ficou gostosa. Outch!’ Ela realmente acha que eu sou saco de pancadas. ‘Luinha, você já matou 80% dos meus neurônios com os seus pedalas, sabia?’ Botei ela no chão e sabe o que ela fez? Deu risada. Mas não uma risada controlada, ela gargalhou. Sim, ela ri da minha desgraça. Com uma amiga dessas quem precisa de inimigas?
‘Own, meu pequeno lindo.’ Ela me abraçou com um sorriso malicioso. Às vezes eu tenho medo dela. ‘Já disse que eu te amo?’ Luinha ia me empurrando e dando beijinhos no meu ombro.
Luinha, o que você...’ Antes que eu conseguisse terminar a frase ela me deu um leve empurrão e o idiota aqui caiu na piscina. Perceberam que minha melhor amiga não poderia ser mais meiga né? ‘LuaBlanco, você me paga!’ Consegui falar depois de me recuperar do susto. Dei um impulso e saí da piscina.
‘NÃÃO! Arthur, não faz isso!’ Luinha começou a correr e eu fui atrás dela. Ela ia realmente me pagar por isso. Ela corria desesperada pelo jardim enquanto gritava coisas incompreensíveis. ‘Arthur, pára! Eu não agüento mais correr!’ Ela mal conseguia falar de tanto que ria. ‘Jaaake! Me ajuda!!’ Correu pra trás do namorado que tinha acabado de surgir no jardim.
‘Hey, Jake.’ Parei perto dele tentando recuperar o fôlego enquanto Luinha ainda ria atrás dele.
‘Hm, a brincadeira aqui tá boa, hein?’ Jake sorriu abraçando Luinha e nós rimos.
‘Culpa da lesada da sua namorada que me jogou na piscina!’ Eu fiz careta e Luinha me deu língua. 
‘Você mereceu!’ Ela sorriu vitoriosa e se virou para Jake. ‘Sim, amor, e você veio aproveitar o sol com a gente?’ Ele sorriu sem graça.
‘Na verdade ia te chamar pra você ir lá pra casa, mas a sua mãe disse que você tava aqui.’ Ele deu de ombros.
‘Cara se quiser fica a vontade pra vir aqui pra piscina.’ Apontei a piscina atrás de mim e sorri. 
Agora você deve estar se perguntando se não era pra eu querer dar um soco no Jake e falar que a Luinha é minha ou qualquer coisa do tipo. E eu te digo que o Jake é um grande amigo, e ao contrário do que você deve estar pensando eu não sou apaixonado pela Luinha, e até onde eu sei, ela também não é por mim. Tanto que tem o Jake pra provar.
‘Cara, com esse sol eu confesso que não consigo resistir a essa piscina!’ Jake olhou pra Luinha e sorriu dando um selinho nela.
‘Então vamos!’ Ela pegou na mão dele e entrelaçou seu braço no meu caminhando até a piscina. 


‘Ei, acorda preguiçosa!’ Dei um beijo na bochecha da Luinha e me joguei na cama do lado dela, que resmungou alguma coisa sem abrir os olhos. 
‘Que horas são?’ Ela abriu um olho e sorriu pra mim.
‘Seis e meia.’ Olhei no relógio já sabendo que ela ia se irritar comigo por não tê-la acordado antes. Mas fazer o quê se eu também acordei meio atrasado? Dirigi o mais rápido que pude até casa dela. Incrível como ela nunca consegue acordar no horário, sempre tem que depender de alguém, e já que os pais dela estão viajando sobra pro melhor amigo.
Arthur, não acredito que você não me acordou antes. Eu vou me atrasar!!’ Ela levantou rápido e correu para o banheiro. Menos de 15 minutos depois ela saiu de lá já com a roupa do colégio. ‘Você tinha que ter me acordado mais cedo, se a gente perder a prova a culpa é sua!’ Ela não sabia se virava pra falar comigo ou prestava atenção nos degraus da escada. ‘Não dá nem tempo de tomar café, vamos logo!!’ Ela me puxou pela mão e eu quase desci as escadas rolando.
Luinha, calma!’ Segurei a mão dela com força impedindo-a de sair de casa. ‘Vai dar tudo certo, é a ultima prova, a gente vai passar de ano e finalmente estaremos livres. Se acalma!’ Sorri segurando as duas mãos dela.
‘Tá, desculpa! Você sabe como eu fico estressada quando tem prova.’ Ela forçou um sorriso e eu a abracei.
‘Tudo bem, mas fica tranqüila. Você sabe que vai se sair bem!’ Sorri abrindo a porta da casa dela. 
Entramos no carro e eu botei o CD do Dashboard porque ela dizia que a voz do Carrabba sempre a acalmava. Ela batucava as mãos na perna no ritmo da musica e eu sabia que ela só fazia aquilo quando estava nervosa. Segurei em sua mão e sorri sem desviar minha atenção da rua na minha frente, ela sorriu fechando os olhos e encostando a cabeça na janela e eu apenas fiquei acariciando a mão dela todo o caminho até o colégio. 


‘FÉRIAS!’ Senti um peso pular em minhas costas e nem precisei virar pra saber quem era. O perfume dela é inconfundível, fora que nenhum outro ser humano em sã consciência pula assim em cima de mim, só ela!
Luinha, você é pesada!’ Falei rindo e ela deu língua saindo de minhas costas. ‘Como foi de prova?’ Passei meu braço pelos ombros dela.
‘Hm, ótima! Melhor que o esperado na verdade.’ Ela sorriu sincera.
‘Eu falei, pequena, você sempre se sai bem nas provas.’ Dei um beijo na cabeça dela.
Luinha!’ Sophia, uma das amigas de Luinha fez sinal para que ela fosse se sentar no banco dos populares e eu fiz careta. 
‘Vai lá pra sua vida de popular!’ Brinquei e ela me deu um soco no braço. Um dia eu a convenço de que eu definitivamente não sou um saco de pancadas. Luinha me deu um beijo na bochecha e correu para perto das amigas. Eu acenei com a cabeça para elas que sorriram amigavelmente e fui sentar na mesa com meus amigos losers. Brincadeira, a gente não é loser. Mas também não somos populares, a gente não se encaixa bem nesses perfiz idiotas que os colégios ingleses costumam ter. A gente tem uma banda, várias garotas dão em cima da gente, mas, como eu disse, a gente não é popular. A Luinha e suas amigas são populares, assim como o Jake e seus amigos. Mas incrivelmente isso nunca afetou na minha amizade com ele, e nem muito menos com a Luinha que é minha melhor amiga desde que chegou aqui na cidade três anos atrás.
‘Iai, cara, férias finalmente!’ Chay levantou os braços me fazendo rir.
‘Merecidas, né? Pelo menos agora vamos ter tempo pra ensaiar.’ Tinha um tempo que eu e os caras não ensaiávamos já que estávamos no período de provas finais.
‘A gente podia ensaiar hoje!’ Pedro se animou, mas eu logo o desanimei.
‘Hoje não dá, tenho que ir pegar a Vicky na rodoviária!’ Os três sorriram da forma mais tarada possível. Sempre soube que eles tinham uma queda pela minha prima, mas com toda razão, ela é gostosa. ‘Pelo menos disfarcem essas caras de tarados.’ Dei dedo eles riram. ‘Por falar nisso, tenho que ir. Se ela chegar e eu não estiver lá ela me mata!’ Fiz uma careta lembrando as ameaças de Vicky caso eu não estivesse plantado na rodoviária quando ela chegasse. Levantei e caminhei rápido até a saída do colégio. 


Arthur!’ Ouvi uma voz fina me chamar e me virei vendo minha prima sorrir pra mim. Cara, como ela conseguiu ficar ainda mais gostosa? 
‘Vicky!’ Sorri animado e a abracei. ‘Como foi de viagem?’ Peguei a mala dela e caminhei para o estacionamento.
‘Tudo bem, já me acostumei com essa viagem. É só tomar um remédio que eu durmo a viagem toda!’ Ela sorriu quando eu abri a porta do carona pra ela.
Fomos conversando o caminho todo até em casa. Pois é, ela vai ficar hospedada na minha casa, os caras vão querer dormir aqui toda noite! Soltei do carro e peguei a mala dela entrando em casa logo em seguida. 
‘Belo cafofo, Arthur!’ Ela sorriu observando a casa que meus pais tinham me dado quando eu fiz 18 anos. Na verdade essa casa era do meu avô, e ele disse que quando eu fizesse 18 anos ela seria minha, e assim foi. Não posso reclamar, a casa não é imensa e nem luxuosa, é exatamente como eu queria. Posso trazer meus amigos e garotas a hora que eu quiser, sem me preocupar em dar satisfação pra ninguém. Tudo bem que ainda são meus pais que pagam as contas, por isso não abuso tanto da paciência (e nem do dinheiro) dos velhos.
‘É, eu gosto daqui!’ Respondi com toda a modéstia que consegui acumular ao longo dos anos. ‘Você vai ficar no quarto de hospedes, lá em cima!’ Apontei pra escada.
‘Ah, que pena. Achei que fosse ficar no seu quarto!’ Ela sorriu safada e se aproximou de mim lentamente. Cara, meus hormônios fizeram verdadeira uma orgia.
‘Se você quiser.’ Respondi no mesmo tom e usei meu sorriso tarado que eu guardo para momentos especiais. Ela se aproximou ainda mais e parou com o rosto a centímetros de distância do meu, ainda com o sorriso safado no rosto.
‘Sai pra lá, Arthur!’ Outch, mais uma pra me dar pedala. ‘A gente é primo, seu tarado!’ Ela balançou a cabeça, pegou a mala e subiu ainda rindo da minha provável cara de palerma. Cara, porque logo a minha prima tinha que ser gostosa? Podia ser a do Chay, do Pedro, sei lá, mas logo a minha? Que saco. E se ao menos ela fosse aquelas primas liberais que gosta de dar uns pegas no primo de vez em quando. O barulho da campanhia me despertou do meu transe, parei de filosofar e fui atender.
‘Surpresa!’ Luinha sorriu feito uma criança e eu ri. ‘Vim pra gente comemorar o primeiro dia de férias!!’ Ela me abraçou e entrou em casa (sem ser convidada, só pra deixar claro).
‘Hm, alguma idéia para a comemoração?’ Fechei a porta enquanto ela se jogava no sofá. 
‘Nop, vim na esperança de você ter alguma!’ Ela piscou marota e eu ri.
Luinha!’ Vicky apareceu no alto da escada sorrindo. Ai caraca, esqueci da Vicky! A Luinha não gosta dela, tem um ódio gratuito pela minha pobre (e gostosa) prima. 
‘Hey Vicky!’ Luinha se levantou do sofá e me lançou um daqueles olhares mortais que realmente me dão medo. ‘Não sabia que você tava aqui!’ Ela ficou do meu lado e eu podia jurar que ela ia pular no meu pescoço.
‘Acabei de chegar na verdade!’ Vicky sorriu sem graça e eu concordei.
‘Bom, então eu volto depois.’ Luinha se virou para sair de casa, mas Vicky a impediu.
‘Não precisa Luinha, eu já vou sair.’ Ela é sempre tão simpática com a Luinha. Realmente gostaria de entender esse ódio gratuito dela. ‘Tenho que visitar seus pais, Arthur. Tenho alguns recados que minha mãe pediu pra dar.’ Ela sorriu pra mim e eu acenei com a cabeça.
‘Eu te levo!’ Outch, a Luinha me deu um beliscão. Dude, juro que não fiz nada! Vicky riu baixo, na certa percebeu o pequeno beliscão que a minha linda amiga me deu.
‘Eu pego um táxi, Arthur, não se preocupa!’ Ela sorriu sincera e eu olhei para Luinha que ainda mantinha um sorriso forçado no rosto. ‘Melhor eu ir logo.’ Vicky se pronunciou depois de um incomodo silêncio. Ela passou por mim e pela Luinha sorrindo e logo depois fechou a porta.
‘Tá maluca, Lua?’ Me virei pra ela sério. ‘Ela percebeu seu sorriso completamente forçado e seu discreto beliscão, sabia?’ Ela riu. Às vezes esse riso cínico dela me dá raiva.
‘É bom que tenha percebido mesmo.’ Ela deu de ombros se jogando novamente no sofá.
‘Posso saber o motivo desse seu ódio por ela? Até onde eu sei, você mal conhece a Vicky!’ Sentei no sofá e ela deitou no meu colo.
‘Não gosto dela, ué.’ Ela deu de ombros e ficou um pouco vermelha. 
‘Ódio gratuito?’ A olhei levantando a sobrancelha e ela concordou com a cabeça. ‘Ah, tá bom, conta outra, Luinha! A mim você não engana.’ Sorri.
‘Ah, Arthur, não gosto e acabou.’ Ela ficou ainda mais corada e eu ri. 
Permanecemos calados apenas rindo de algum desenho idiota que passava na tv. Luinha ainda estava deitada no meu colo de novo e eu acariciava seus cabelos. 
‘Você dá mais atenção pra ela do que pra mim.’ Lua falou de repente sem tirar os olhos da tv.
‘Hãn?’ A olhei sem entender.
‘A Vicky! Quando ela vem passar férias aqui você simplesmente esquece de mim. Tudo que você faz é pensando na Vicky.’ Ela fez uma careta e eu controlei o riso. 
‘Que mentira, Luinha!’ Ela se levantou e me encarou com o rosto ainda rosado.
‘Você sabe que é verdade, Arthur. Você fica todo preocupadinho com ela, e fica falando nela o tempo todo. Ela vai tomar meu lugar.’ 
Cara, não acredito que a Luinha tá com ciúmes da Vicky!
Ela sentou abraçando as pernas enquanto eu ainda a olhava sem acreditar.
Luinha, você sabe que ninguém nunca vai tomar seu lugar.’ Me aproximei sorrindo e falando baixo. Sagrada seja minha mãe que me ensinou a lidar com uma menina. Ela me olhou emburrada.
‘Promete?’ Perguntou baixo e eu confirmei que sim com a cabeça e a abracei.
Luinha, eu não acredito que você tem ciúmes dela.’ Eu ri alto e ela me deu um soco no braço.
‘Cala boca, Arthur.’ Juro que se eu fosse de menor já teria denunciado ela na delegacia que cuida das crianças e adolescentes que sofrem maus tratos.
‘Quando a minha mãe perguntar o que são esses hematomas por todo meu corpo eu vou te dedurar pra ela.’ Passei a mão pelo lugar que ela tinha acabado de bater e ela riu.
‘Own, meu pequeno lindo, desculpa!’ Ela se jogou em cima de mim dando beijinhos pelo meu rosto. Ah é né, safada? Agora vem dar beijinhos. ‘Me desculpa?’ Ela sorriu marota.
‘Só porque você é linda!’ Mordi a bochecha dela rindo. É eu tenho mania de morder a bochecha dela, assim como ela tem mania de me bater.
‘Argh, não precisa me babar. Arthur!’ Ela passou a mão pelo rosto rindo. ‘Não me olha com essa cara de maníaco que eu tenho medo.’ Ela saiu de cima de mim e se encolheu no canto do sofá. 
‘Agora você me paga por ter me jogado na piscina!’ Ri alto e comecei a fazer cócegas nela. Eu sempre me vingo da Luinha fazendo cócegas, é clássico.
‘NÃÃÃO! Arthur, pára!’ Ela se contorcia tentando me bater, mas eu sou mais rápido que ela, claro. ‘Arthur, eu vou morrer!’ Ela falava no meio das gargalhadas e eu ria também.
‘Estamos quites agora?’ Perguntei sem parar as cócegas.
‘ESTAAAMOS! Pára!’ Ela gritou ainda rindo e eu parei. Ela me olhou com o rosto vermelho e chorando de tanto rir. ‘Seu idiota, eu te odeio!’ Ela enxugou as lágrimas ainda tentando controlar o riso.
‘Tô com fome.’ Passei a mão pela barriga fazendo careta.
‘Eu quero Nutella!’ Os olhos dela brilharam. A Luinha tem uma relação amorosa com qualquer pote de Nutella que ela veja na frente. ‘Arthur, eu quero Nutella.’ Começou a me cutucar, ela sabe que eu odeio isso.
‘Você é chata, sabia?’ Me levantei e ela me deu língua. Fui até a cozinha e abri o armário onde eu sempre guardava o pote de Nutella. Toda vez que eu ia ao mercado comprava pelo menos um pra deixar estocado para quando a Luinha estivesse tendo uma crise de abstinência, como ela mesma costuma dizer. ‘Toma sua Nutella!’ Estendi o potinho pra ela que abriu um sorriso maior que a cara se isso for possível!
Arthur, eu te amo!!!’ Ela pulou em cima de mim, no sentido bem literal da palavra. Eu realmente não esperava por aquilo e nós dois acabamos no chão. ‘AH! Consegui salvar minha Nutella!’ Ela levantou o pote rindo.
Luinha!’ Abracei a cintura dela ainda deitado no chão. Ela me olhou sorrindo. ‘Eu te amo.’ Falei sincero. Às vezes meu lado gay desperta, esqueci de comentar isso.
‘Eu também te amo, meu pequeno.’ Ela beijou a ponta do meu nariz e sorriu. Ela sempre beija meu nariz, e diz que ele é lindo. Vai entender as garotas.
Ficamos ali o resto da tarde, conversando e rindo de qualquer besteira como sempre. 


‘Cara, sua prima é gostosa.’ Pedro sorriu bobo enquanto Vicky tomava sol na beira da piscina. Ele, Chay e Micael apareceram cedo pra uma visitinha cheia de segundas intenções. Mereço esses caras, né?!
‘Muito gostosa.’ Chay sorriu no mesmo estado demente do Pedro.
Eu e Micael apenas rimos. Apesar de ser bastante pegador o Micael agora está comprometido com a Melanie, uma amiga da Luinha. Mas nada que o impeça de também ficar olhando minha prima tomar sol.
‘Cara, se eu não estivesse com a Mel, juro que ia lá!’ Ele falou confiante e os outros dois zoaram com ele.
‘Até parece, Judd!’ Pedro deu dedo.
‘Vamos parar com a babação pra cima da Vicky, né? Alguém quer ir tomar sorvete?’ Me levantei e vesti a camisa. Olhei para os três que continuavam parados secando a bunda da minha prima. ‘Dudes!’ Dei um pedala em cada um e eles xingaram me mandando calar a boca. Eu devia cobrar por cada olhada que eles davam pra bunda dela. 
Vicky se levantou sem, dar a mínima para os três babacas que a secavam e caiu na piscina.
‘Aaah.’ Chay fez bico e Pedro o imitou. Meus amigos definitivamente precisam de tratamento, e urgente!
‘Pronto, acabou a festa. Vamos pra sorveteria agora!’ Pelo menos Micael dessa vez se mexeu e se levantou também.
‘Calma cara, espera ela sair da água!’ Pedro falou um pouco mais alto do que devia.
‘Ei, Pedro!’ Vicky o chamou e ele correu pra beira da piscina com cara de otário. ‘Eu não vou sair agora, é melhor você arrumar algo mais útil pra fazer do que secar minha bunda.’ Ela sorriu e piscou deixando o pobre do Pedro completamente vermelho e sem graça. Eu, Chay e Micael rimos da cara de trouxa dele.
‘Erm... vamos pra sorveteria né?’ Ele passou a mão pelo cabelo se afastando da piscina.
‘Podia ter dormido sem essa!’ Dei um pedala nele que fez cara feia.
Caminhamos até uma sorveteria próxima da minha casa que por sinal estava lotada, já que era a melhor da cidade e o sol estava matando qualquer pessoa.
‘Acho que todo mundo teve a mesma idéia!’ Chay comentou quando entramos.
Pegamos os sorvetes e fomos sentar em uma das poucas mesas vagas que restavam. Algumas meninas sorriram pra gente quando passamos pela mesa delas e nós, educados como sempre, retribuímos. 
‘A loirinha é minha!’ Pedro comentou baixo e eu ri. Tudo bem, eu gostei mais da morena do canto e o Chay não se manifestou, o que foi um fato realmente intrigante.
‘A Luinha tá ali!’ Ele apontou para uma mesa onde a Lua estava com os populares do colégio. Ou seja, as amigas, o Jake e os amigos dele. ‘E a Sô também!’ Ele sorriu. Bom, estava explicado o motivo dele não ter escolhido nenhuma das meninas que sorriram quando passamos, ele tem uma queda (das grandes!) pela Sophia, a melhor amiga da Luinha. De todas as amigas dela, acho que ela é a menos pior. Não no quesito beleza, porque se for isso, todas as amigas da Luinha são realmente lindas, mas a Sophia é mais simpática e sempre fala com a gente, as outras não dão a mínima quando a gente passa.
Tentei falar com a Luinha, mas ela ainda não tinha me visto, então voltei minha atenção para o sorvete e a morena que sorriu pra mim. Ela me olhava discretamente de vez em quando e eu lançava o melhor dos meus sorrisos pra ela, esse eu sei que nenhuma garota resiste, e foi a Luinha quem me disse isso! Depois de muitas olhadas nada discretas minhas e do Pedro resolvemos ir falar com elas. Antes que eu conseguisse me levantar ouvi alguém me chamar, olhei e vi Luinha sorrir andando em minha direção, parece até que faz de propósito. Pedro olhou pra mim e eu sorri sem graça mandando ele ir frente.
Arthur, muito bonito entrar e não falar comigo.’ Luinha me abraçou e cruzou os braços.
‘Ah, pequena, você tava muito entretida lá com seus amigos populares.’ Dei de ombros. Olhei pro Pedro e ele já estava numa conversa animada com a loirinha enquanto a morena observava a Lua de cima a baixo.
Micael, a Mel me ligou dizendo que você tinha abandonado ela em casa e eu falei pra ela vir pra cá!’ Ela me despertou do meu transe e eu olhei pro Micael.
‘Liguei pra ela mais cedo e a mãe dela disse que ela tava dormindo. Sua amiga é muito preguiçosa, Luinha!’ Micael riu enquanto Luinha concordava.
‘Eu vou ali!’ Forcei um sorriso pra os dois já que há essa hora o Chay estava quase afogado na própria baba olhando pra Sô que às vezes sorri sem graça na direção dele. ‘E alguém checa se o Chay ainda tá respirando.’ Apontei pro Chay e os dois começaram a rir.
Me afastei e cheguei na mesa onde o Pedro e a loirinha já se beijavam bem... calorosamente, digamos assim.
‘Hey!’ Sorri para a morena e ela ficou sem graça. Não que eu seja convencido, mas esse sorriso é infalível. 
Ficamos conversando durante algum tempo e eu descobri que a Becky, esse é o nome dela, mora na Califórnia. Cara, meu sonho sempre foi pegar uma garota da Califórnia, e não demorou muito pra eu realizar esse sonho, claro. Como eu disse antes, eu não sou convencido, mas nenhuma garota resiste a mim, principalmente depois de saberem que eu tenho uma banda. 
Ficamos algum tempo conversando e erm... fazendo coisas mais interessantes até a amiga dela se levantar e falar que a elas tinham que ir, incrível como sempre tem uma amiga encalhada invejosa pra estragar a festa! A Becky anotou o telefone dela num guardanapo, me deu um selinho e saiu com as amigas. Peguei o papel com o telefone dela em cima da mesa e guardei no bolso, alguém duvida que eu vá mandar lavar a calça com o papel dentro? Não de propósito claro, mas eu vou esquecer! Pedro olhou pra mim sorrindo e eu retribuí, nos levantamos e fomos pra nossa mesa que agora era ocupada somente por Chay com cara de paisagem.
Chay!’ Gritei despertando-o do transe e ele me olhou assustado. ‘Cadê o Micael?’ Olhei em volta e a sorveteria já estava bem mais vazia, acho que passei um bom tempo me pegando com a Becky.
‘Ele saiu com a Mel.’ Chay deu de ombros. 
‘Bom, melhor irmos, né?’ Pedro passou a mão pela cabeça e Chay se levantou. 
Quando chegou à minha rua me despedi deles e segui pra casa. 


‘Vicky, hoje a noite tem um show de uma banda nova lá no Red’s, tá afim de ir?’ Entrei no quarto de hospede e encontrei minha prima de calcinha e uma blusinha justa que valorizava o farto busto dela. Caralho, por que ela tinha que ser minha prima?! Sorri sem graça, mas Vicky pareceu nem se abalar apenas sorriu e confirmou com a cabeça. Saí de lá xingando meus hormônios que mais uma vez teimavam em fazer uma orgia.
Fiquei vendo tv na sala sem prestar muita atenção no que passava, queria ir logo pro Red’s. Meu sangue precisa de um pouco de álcool.
Quando deu umas 7 horas subi pra me arrumar. Passei pelo quarto da Vicky, mas a porta tava fechada, na certa ela estava se arrumando. Tomei um banho rápido e me vesti mais rápido ainda, às vezes me assusto com a minha rapidez. Desci e sentei no sofá pra esperar Vicky, esperando que ela não fosse daquelas que demoram horas pra ficar pronta. Pra minha felicidade, ela desceu dez minutos depois com uma saia curta e uma blusinha colada. Nossa, impressão minha ou essa sala ficou mais quente? Abri um sorriso um tanto quanto tarado pra ela que balançou a cabeça rindo. Ah, ninguém mandou ser gostosa!
Chegamos ao Red’s e logo encontramos Pedro e Chay sentados em uma mesa. Os dois quase pularam em cima da Vicky, ela riu sem graça e foi no bar pegar alguma bebida.
‘Cara, ela não podia ser melhor.’ Pedro falou secando a bunda da minha prima enquanto ela se afastava, eu ri dando um pedala nele. Qualquer dia ele tiraria toda a roupa dela só com a força do pensamento. Alguns minutos depois Vicky voltou com uma cerveja pra mim e um Sex On The Beach pra ela, pelo olhar do Pedro aquela bebida lhe deu idéias bastante impróprias para menores. 
Ficamos os quatro conversando até Micael e Melanie chegarem e se sentarem lá também. Perguntei pra Mel se a Luinha não vinha, porque era realmente estranho ela ainda não ter pulado em cima de mim. Ela falou que o Jake pediu para que a Luinha passasse na casa dele mais cedo e ainda não tinha dado noticia, eu realmente preferi não imaginar o que os dois poderiam estar fazendo naquele exato momento.
Algumas horas e muitas cervejas depois, já estávamos em um papo muito animado sobre alguma coisa completamente sem noção. Uma morena passou pela mesa sorrindo pra mim e MEU DEUS, eu tive que ir atrás. Cara, aquela menina era quase tão gostosa quanto a minha prima. Sim, quase mesmo, porque gostosa que nem a Vicky eu ainda estou procurando. 
Levantei da mesa indo atrás dela que quando percebeu minha aproximação se mandou para um canto do bar. Esperta essa, do jeito que eu gosto! Nem precisei falar nada, só cheguei perto dela com meu sorriso safado cuidadosamente ensaiado durante longos anos e ela já me puxou pela gola e foi logo me beijando. Cara, tem coisa melhor que mulher com iniciativa? Fico feliz em poupar trabalho e economizar saliva para coisas mais interessantes. Ficamos longos (muitos longos!) minutos nos pegando, até que eu decidi que realmente precisava pegar um ar e me afastei um pouco. Ela mordeu o lábio inferior e depois abriu um sorriso safado.
‘Ashley, mas pode me chamar de Ash.’ Piscou e eu sorri.
Arthur, mas não precisa me chamar de nada. Tem coisas mais úteis pra se fazer com a boca.’ Falei já chupando o pescoço dela. Argh, ela podia usar um perfume menos doce. Subi os beijos rapidamente pra boca dela antes que começasse a passar mal com aquele perfume. Ela soltou uma risadinha abafada e botou a mão por debaixo da minha camisa. Bom, se ela fez comigo eu também posso fazer com ela certo? Certo. Não demorou muito e minhas mãos já percorriam toda a extensão alcançável do corpo dela, e cara, ela é realmente gostosa.
O celular começou a vibrar no meu bolso e eu amaldiçoei mentalmente a pessoa do outro lado da linha, não tinha uma hora mais imprópria pra ligar? Peguei o aparelho enquanto a erm... qual o nome dela mesmo? Que seja, enquanto ela dava chupões e mordidas no meu pescoço, cara essa garota é realmente selvagem. Olhei o visor e a foto da Lua apareceu. Ok, minha melhor amiga só pode ter instalado uma mini câmera em mim e agora sempre dá um jeito de atrapalhar meus melhores momentos.
‘Fala, Luinha.’ Falei um pouco baixo enquanto a gostosinha que eu não lembrava o nome ainda deixava marcas em meu pescoço.
Arthur.’ A voz dela era chorosa e ainda mais baixa que a minha. Afastei a garota rapidamente e mudei meu tom de voz.
Luinha, o que aconteceu?’ Passei a mão pelo cabelo. Quando a Lua me liga com aquele tom de voz, coisa boa não aconteceu.
Arthur, vem pra casa, por favor.’ Ela pediu chorando e eu comecei a me desesperar. Não é frescura, se você amasse alguém como eu amo essa garota, você também se desesperaria.
‘Calma, Luinha, o que aconteceu? Me fala.’ Pedi tentando manter a calma. A Ashley (sim, na hora do desespero lembrei o nome dela!) me olhava preocupada e ao mesmo tempo com raiva. Lua não respondeu, mas eu podia ouvir o choro dela. ‘Aonde você tá, pequena?’ 
‘Na porta da sua casa, achei que você estivesse aqui.’ Ela respondeu fungando.
‘Ok, já to indo. Não sai daí, Luinha!’ Falei um pouco alto e desliguei o telefone. 
Andei rápido até a mesa e perguntei pra Vicky se ela tinha a chave de casa, ela disse que sim e perguntou por que eu tava tão desesperado. Falei qualquer coisa relacionada à Lua e saí rápido do Red’s. Acho que nunca dirigi tão rápido em toda minha vida, e olha que eu tinha bebido, mas acho que a preocupação com a Luinha foi tão grande que todo álcool acumulado pareceu simplesmente sumir.
Estacionei o carro de qualquer jeito e corri até a Luinha que estava sentada na porta da minha casa e abraçava as pernas. Quando ela me viu parece que se desesperou mais ainda e chorou ainda mais alto.
‘Calma, minha pequena, eu tô aqui.’ A abracei forte enquanto sentia as lágrima dela molharem minha camisa. Ficamos alguns minutos assim, até ela se acalmar mais e conseguir controlar um pouco o choro. ‘Vem, vamos entrar!’ A puxei pela cintura e ela se levantou com dificuldade, abri a porta de casa e a levei até o sofá. Ela sentou e me abraçou ainda chorando.
Arthur, o Jake.’ Ela falou soluçando depois de algum tempo. Ela me olhou e só aí eu percebi o estado dela. Seus olhos estavam completamente vermelhos e inchados e sua boca estava seca, passei a mão pelo rosto dela enxugando as lágrimas e sorri fraco.
‘O que tem o Jake?’ Perguntei baixo.
‘Ele... Ele...’ Ela soluçou alto. ‘Ele vai se mudar pra Los Angeles.’ Ela conseguiu falar e eu a olhei sem entender. Sim, eu sei que a Luinha realmente gosta do Jake, mas não precisa fazer esse escândalo todo só porque ele vai embora. ‘E, ele... Ele me traiu.’ Ela falou alto já me abraçando e voltando a chorar. Agora sim, o quê? Não acredito que aquele filho da mãe traiu a minha menina, que tipo de otário ele é? Nenhum homem em seu estado normal trai uma garota como a Lua. Não só pelo fato dela ser linda, mas a Luinha é tipo... especial, sabe? Ela tem um dos sorrisos mais lindos que eu já vi, e uma risada que te faz querer rir junto, ela é amiga, companheira, engraçada, sempre disposta a ajudar, é meiga, carinhosa, ninguém pode trair a Luinha assim cara. A abracei tentando controlar a raiva que eu senti do viado do Jake.
‘Calma, minha pequena, eu to aqui pra te proteger, ok? Ele nunca mais vai fazer nada com você!’ Acariciei os cabelos dela e esperei ela se acalmar e controlar mais o choro. Nesses três anos eu sinceramente nunca tinha visto ela assim, claro que já a vi chorar, mas nunca assim. A Luinha nunca foi de se descontrolar tanto, mas eu a entendo, uma coisa que ela sempre me disse é que ela podia suportar qualquer coisa, menos traição.
Arthur. ele confessou pra mim, na minha cara que tinha me traído e logo depois disse que vai se mudar pra Los Angeles. Por que ele fez isso comigo Arthur?’ Ela se sentou direito no sofá e abraçou as pernas.
‘Porque ele é um imbecil Luinha. Ninguém em sã consciência trai uma garota como você.’ Peguei a mão dela sorrindo e ela riu fraco.
‘Mas ele fez Arthur, e eu confiava tanto nele.’ Ela apertou minha mão.
‘Quando ele vai?’ Perguntei com medo da resposta.
‘Depois de amanhã.’ Ela falou baixo encostando a testa no joelho. ‘E eu não quero ver mais a cara dele.’ Ela balançou a cabeça.
‘Ele nunca mais vai chegar perto de você, fica tranqüila.’ A abracei e fiz com que ela sentasse no meu colo. Ela encostou a cabeça em meu ombro e eu fiquei acariciando os cabelos dela até ela parar completamente de chorar. 
‘Tô com fome.’ Lua falou de repente me olhando com cara de criança e eu dei risada. As mudanças de humor dela me assustam.
‘Eu sei o que você precisa.’ Falei ainda rindo. Ela saiu do meu colo e eu me levantei e fui até a cozinha. Abri o armário e um último pote de Nutella sobrevivente reluziu. Santa Nutella. Peguei o pote e duas colheres e fui pra sala de novo. ‘Nutella!’ Botei o pote na frente dela que na mesma hora abriu um sorriso imenso. ‘Mas a gente vai ter que dividir.’ Falei sentado no chão e encostando no sofá e aLuinha fez o mesmo.
‘Já disse que eu te amo?’ Ela sorriu.
‘Já.’ Dei de ombros tentando controlar o riso. Achei que ela fosse me bater, mas pasmem, ela não me bateu.
‘E já disse que não vivo sem você?’ Ela me olhou séria.
‘Tudo isso por causa da Nutella?’ Perguntei rindo e ela me deu um tapa no braço, tava demorando.
‘Não, seu bobo. Porque você é o único que me entende e me acalma. Você é o único que me faz rir quando eu to pra baixo, você é o único que realmente me conforta.’ Ela sorriu sincera e eu não pude deixar de abrir um sorriso. Já disse que eu amo essa garota?
‘Quem não vive sem você sou eu.’ Falei a abraçando e encostando minha testa na dela. ‘Não existe Arthur Aguiar sem Lua Blanco.’ Falei rindo.
‘E nem muito menos Lua Blanco sem Arthur Aguiar!’ Ela acariciou minha bochecha sorrindo. ‘Brigada, Arthur, por tudo.’ Ela falou baixo e eu sorri. 
Ficamos ali no chão assistindo um filme qualquer que passava na tv e comendo Nutella. Cara, aquela coisa é realmente gostosa, digo... a Nutella claro!
Luinha.’ Falei baixo depois de algum tempo. O filme já tinha acabado, assim como o potinho de Nutella. Ela resmungou alguma coisa ainda deitada em meu colo. ‘Vamos pra cama.’ Afastei o cabelo dela do rosto. Ela novamente resmungou alguma coisa. Eu bufei me levantando. ‘Ai, Lua, você me dá um trabalho!’ Peguei a Luinha no colo e ela sorriu. 
‘Boa noite, Arthur.’ Ela falou baixo cruzando os braços em meu pescoço e eu sorri levando ela pro quarto. Deitei Lua na cama e sentei do lado.
‘Vai dormir de roupa?’ Perguntei baixo.
‘Você quer que eu durma sem roupa, seu tarado?’ Ela perguntou rindo. Garotas sempre nos interpretam errado.
‘Não, idiota! Tô perguntando se você vai dormir de calça jeans!’ Falei rindo. ‘A sua boxer tá lavada.’ Sim, ela tinha uma boxer que na verdade era minha, mas acabei dando pra Luinha já que ela usava mais do que eu. Aliás, acho que nunca usei aquela boxer. 
‘Tô com preguiça.’ Ela falou se encolhendo. Sabia que ela não ia dormir de calça jeans. Abri a gaveta e peguei a boxer de ursinhos dela.
‘Toma.’ Joguei a boxer pra ela.
‘Qual parte da preguiça você não entendeu?’ Ela me olhou e eu dei risada.
‘A parte do eu não vou deixar você dormir de calça jeans.’ Dei de ombros e ela resmungou alguma coisa baixo.
‘Você vai ficar aí olhando eu me trocar?’ Ela sentou na cama me encarando e eu ri.
‘Nada que eu não já tenha visto, Luinha!’ Sorri e ela jogou o travesseiro em cima de mim. ‘Ok, ok!’ Falei entrando no banheiro. Escovei meus dentes e tirei minha roupa, quer dizer, fiquei de boxer, claro! Quando saí de lá Luinha já tava deitada novamente na cama.
‘Apaga a luz e vem deitar logo, Arthur.’ Ela resmungou e eu dei risada. Amiga mandona essa que eu arrumei. Apaguei a luz e pulei na cama do lado dela. ‘Ai, seu idiota, quase que eu caí!’ Ela deu risada.
‘Desculpa, pequena.’ A abracei.
‘Já disse que eu amo o cheirinho do seu pescoço?’ Ela riu cheirando meu pescoço.
‘Eu sei que eu sou irresistível!’ Brinquei e ela mordeu meu pescoço. Canibal.
‘Vou dormir assim.’ Ela falou ainda com o rosto enterrado no meu pescoço. ‘Boa noite, Arthur.’ A voz dela saiu abafada e eu ri.
‘Boa noite, pequena.’ Beijei a cabeça dela e dormi logo depois. 


Acordei com um barulho de alguma coisa caindo no andar de baixo. Provavelmente era Lua estabanada como sempre, destruindo minha casa. Me espreguicei e olhei a janela, as cortinas estavam fechadas mas o sol invadia o quarto pelas pequenas frestas. Ah, o verão! Levantei e entrei no banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e vesti uma bermuda, a piscina estava a minha espera.
‘Bom dia, pequena.’ Sorri dando um beijo na bochecha de Luinha e ela riu.
‘Te acordei né? Desculpa.’ Me abraçou.
‘Não tem problema! Que horas são?’ Abri a geladeira e peguei um suco qualquer.
‘Quase dez!’ Ela checou o relógio. ‘Sua prima já tá na piscina!’ Ela fez uma careta. Ah, esse ódio gratuito!
‘Onde você achou esse biquíni?’ Perguntei reparando que ela vestia um biquíni azul por debaixo da roupa.
‘Ah, deixei aqui da ultima vez. Sabia que um dia ia ser útil!’ Ela deu um sorriso “olha como eu sou esperta” e eu ri.
‘Vamos?’ Olhei pra ela já na porta que dava pro jardim e ela sorriu me dando a mão.
Cara, não bastasse o dia perfeito de verão a primeira visão que eu tenho é da minha prima tomando sol com um biquíni minúsculo. Tortura demais para um pobre garoto como eu.
‘Bom dia, Arthur.’ Ela sorriu pra mim e a Luinha apertou minha mão quando eu fiz menção de me aproximar dela, apenas sorri meio sem graça. Ela já tá ficando paranóica. ‘Bom dia, Luinha!’ Vicky falou antes de deitar novamente a cabeça. Dei um pedala em Crolina e ela riu cínica. Pulei na piscina dando uma cambalhota e a ouvi gritar. Há, foi de propósito.
Arthur, você me molhou toda!’ Ela falou com a voz manhosa enquanto eu e Vicky riamos. Claro que a Vicky riu discretamente.
‘Não vai cair?’ Perguntei quando ela tirou o short e a blusa e sentou em uma cadeira.
‘Não quero.’ Já disse que ela fica linda quando tá emburrada?! Saí da piscina e caminhei até ela que tinha um discreto sorriso no canto da boca. ‘Não se aproxima!’ Ela se encolheu e eu ri sem parar de me aproximar. ‘Nãããão.’ Ela falou manhosa quando eu a abracei e sacudi meus cabelos molhados em cima dela.
‘Vamos pra piscina vai, sua pirralha chata.’ Eu falei e mordi a bochecha dela. Lua balançou a cabeça negativamente. ‘Então tá!’ Dei de ombros e a carreguei.
‘Eeeei, eu disse que não ia!’ Ela falou encostando a cabeça em meu ombro.
‘Se você não for eu vou chamar a Vicky pra ir comigo.’ Sussurrei no ouvido dela que me olhou brava. 
‘Vai, me bota no chão. Eu sei chegar até a piscina sozinha!’ Falou séria e eu fiz o que ela pediu. Lua caminhou até a beira da piscina e parou observando a água.
‘Desistiu?’ Falei a abraçando por trás e encostando meu queixo no ombro dela. Ela balançou a cabeça negativamente, mas continuou parada.
‘Alguém já disse que vocês formam um casal lindo?’ Vicky perguntou de repente observando nós dois abraçados na beira da piscina. Luinha olhou pra ela indiferente.
‘A gente vai casar.’ Eu falei e a Luinha deu risada. Na primeira semana que eu e a Lua nos conhecemos, ela falou que quando casasse queria que o marido dela fosse igual a mim. Quando eu falei que casava na boa, ela me disse que quando fizéssemos 25 anos, se a gente tivesse solteiro, ela mesma me pedia em casamento. Até hoje a gente brinca falando que nossa hora de casar tá chegando. ‘É sério.’ Eu falei pra Vicky que ainda nos observava.
‘E eu que vou pedir ele em casamento.’ A Luinha falou rindo e eu concordei. ‘Já imaginou nossos filhos, Arthur? Vão ser lindos.’ Ela falou pensativa.
‘Claro, com uma mãe e um pai desses.’ Falei modesto e as duas riram.
‘Bom, eu vou entrar! Tá muito calor, depois eu venho dar um mergulho.’ Vicky se levantou e vestiu um short. ‘Mas falando sério...’ Se virou pra nós dois. ‘Vocês realmente formam um casal lindo.’ Ela sorriu e entrou em casa.
‘Por que ela sempre quer ser simpática comigo?’ Luinha perguntou depois de um tempo em silêncio. Ainda estávamos abraçados na beira da piscina apenas observando a água se movimentar calmamente quando o vento passava.
‘Ela é simpática, Luinha. E se você parar pra pensar, não tem motivos pra não gostar dela.’ Exceto um ciúme idiota, mas claro que eu não falei isso pra ela.
‘Pode ser.’ Ela falou dando de ombros e eu quase mordi minha língua por estar com o queixo apoiado no ombro dela.
‘A gente vai ficar aqui por mais quanto tempo? Porque eu acho que mais uns 5 minutos e meu cérebro termina de derreter.’ Falei rindo baixo.
‘Tem certeza que você quer cair?’ Ela se virou manhosa e me abraçou pela cintura. Eu sorri balançando a cabeça afirmativamente e ela fez cara de derrotada. Dei alguns passos pra frente e ela riu ainda de costas pra piscina, parei bem na beirada olhando pra ela. ‘Vai logo, Arthur.’ Ela pediu sorrindo. Joguei meu peso em cima dela e caímos na piscina abraçados.
Ficamos algum tempo na água, apenas aproveitando o sol e conversando. Tentei falar alguma coisa sobre o Jake, mas a Luinha disse que não queria mais saber, que agora ele era completamente passado. Não insisti, sabia que ela ainda estava muito magoada com ele e se ficasse falando ia voltar a chorar.
‘Já vai sair?’ Perguntei quando ela deu um impulso pra fora da água.
‘Vou ficar deitada aqui.’ Ela sorriu deitando na beira da piscina. ‘Cadê os meninos? Estranho eles ainda não terem aparecido por aqui.’ Perguntou com os olhos fechados.
‘Não sei.’ Dei de ombros chegando na beira onde ela estava deitada. ‘A farra ontem deve ter sido boa.’ Falei rindo.
‘Você perdeu a farra por minha culpa, né? Desculpa.’ Ela me olhou com pena.
‘Eu nunca perco nada quando eu tô com você Luinha, eu só ganho.’ Sorri sincero. Nossa, essa frase foi bem gay.
‘É, ontem você ganhou alguns quilos com tanta Nutella.’ Ela deu risada. Apoiei meus braços na beirada e fiquei apenas observando o nada. O silêncio prevaleceu alguns minutos entre a gente.
‘Sabe que meu sonho sempre foi beijar embaixo d’água.’ Ela falou rindo depois de alguns longos minutos de silêncio. Olhei pra ela que ainda mantinha os olhos fechados.
‘Entra na água.’ Falei sem pensar muito. Ela me olhou sem entender. ‘Vai, Luinha, entra na água.’ Repeti sorrindo. Ela balançou a cabeça negativamente, mas fez o que eu pedi. 
‘Pronto.’ Ela sorriu já dentro da água e encostada na beirada da piscina. Eu me aproximei e apoiei um braço de cada lado dela. Lua não se mexia, apenas me olhava como se soubesse exatamente o que eu ia fazer. Encostei minha testa na dela e fiz o mesmo com meu corpo. ‘Promete que isso não vai mudar em nada nossa amizade?’ Ela sorriu fraco e eu afirmei que sim com cabeça. Me aproximei lentamente até sentir nossos narizes se tocarem e respiração dela tocar minha boca. Olhei nos olhos dela que ainda me encaravam sem reação, quando nossas bocas se encostaram ela fechou os olhos lentamente e eu fiz o mesmo. Senti os pêlos da minha nuca se arrepiarem quando ela tocou minha cintura com uma mão, e com a outra o meu pescoço. A abracei pela cintura fazendo com que ela se desencostasse da beirada e passei minha língua pela boca dela que abriu sem hesitar e passou os dois braços pelo meu pescoço. Quando nossas línguas se encostaram a puxei pra debaixo d’água. Cara, juro que nunca tinha sentido isso, era como se uma corrente de eletricidade estivesse passando por todo meu corpo dando pequenos choques. Mergulhei um pouco mais fundo até conseguir me ajoelhar no chão da piscina e ela fez a mesma coisa. Era como se ela fosse um fio de alta tensão, e a cada toque eu sentia um novo arrepio. Ficamos ali, ajoelhados e nos beijando durante quase um minuto como se nada a nossa volta realmente existisse. 
Senti que realmente precisava tomar ar e dei um leve impulso pra cima levando a Lua comigo. Quando emergimos, um vento frio tocou nosso rosto e ela lentamente se afastou quebrando o beijo. Quando abri os olhos ela já me encarava com aquele mesmo olhar sem reação de antes do beijo. Eu não sabia se sorria, se pedia desculpa, se perguntava o que ela havia achado. Pela primeira vez na minha vida eu realmente me senti incapaz na frente de uma garota. Sustentamos o olhar por alguns segundos até a Luinha tirar os braços dela que ainda estavam entrelaçados em meu pescoço e eu fiz o mesmo com os meus que abraçavam a cintura dela.
‘Eu não sei o que falar.’ Ela disse baixo e eu sorri aliviado, aquela tensão e aquele silêncio estavam em matando.
‘Foi tão ruim assim?’ Perguntei fazendo careta e ela riu.
‘Não bobo, é só que... é estranho beijar o meu melhor amigo.’ Ela deu de ombros.
‘Se acostume, Luinha, quando a gente casar isso vai acontecer constantemente.’ Eu falei rindo e ela fez o mesmo. ‘E então, qual a sensação de beijar embaixo d’água?’ Perguntei enquanto ela se afastava e sentava na beirada. Ela me olhou durante um tempo como se pensasse em alguma resposta.
‘É molhado.’ Ela falou por fim eu comecei a gargalhar. ‘Ai, como você é besta pra rir, Arthur.’ Ela balançou a cabeça.
‘E você não, né?’ A olhei ainda rindo e ela deu língua. ‘Argh, chega de piscina. Eu acho que já to todo enrugado.’ Falei saindo da piscina. ‘Vai ficar aí?’ Olhei pra Lua e ela continuava sentava balançando as pernas dentro da água e fazendo ondinha como se aquilo fosse a coisa mais legal do mundo. Acho que de todos os meus amigos, o mais normal sou eu!
‘Não, também não agüento mais piscina!’ Ela fez careta se levantando e passou um braço pela minha cintura. Quando eu passei o braço pelo ombro dela ela parou de repente. ‘Arthur.’ Ela me olhou séria. ‘Você beija bem.’ Ela deu risada e eu senti meu rosto arder um pouco. Não acredito que a Lua conseguiu me fazer corar, isso é uma coisa realmente rara.
‘Você também, pequena.’ Sussurrei no ouvido dela e beijei sua cabeça enquanto entravamos em casa rindo. 


Passei a tarde toda no meu quarto pensando naquele beijo, foi tão estranho e ao mesmo tempo... perfeito? É, acho que perfeito é a palavra certa. Mesmo a Lua sendo minha melhor amiga, eu nunca tinha sentido aquilo com outra garota, e sem querer me gabar, eu já peguei umas bem gostosas. Ela foi embora logo depois que saímos da piscina e eu fui direto pro quarto.
Arthur?’ A voz de Vicky surgiu do outro lado da porta fechada.
‘Entra, Vicky!’ Falei me sentando. Ela botou a cabeça pra dentro do quarto sorrindo e logo depois entrou.
‘Aconteceu alguma coisa? Passou a tarde toda aqui trancado no quarto.’ Ela sentou na minha cama me olhando.
‘Tudo bem.’ Forcei um sorriso. Afinal, estava tudo bem, certo? Certo.
‘Tem certeza?’ Ela me olhou desconfiada. Por que as mulheres são sempre tão desconfiadas? Principalmente quando se trata de nós, homens.
‘Tenho.’ Falei convicto e ela sorriu. ‘Vai no Red’s?’ Os caras tinham me ligado de tarde falando que como eu perdi ontem, hoje a gente ia de novo.
‘Vou, o Paul me chamou.’ Ela sorriu sem graça.
‘Hmmm... Paul é?’ Falei rindo safado e ela ficou vermelha. ‘Quem é esse Paul? É legal? É de confiança?’ Ela me olhou assustada.
Arthur, eu não sou a Luinha, ok? Pode ficar tranqüilo que da minha vida cuido eu!’ Ela piscou se levantando e saiu do quarto. O que ela quis dizer com “eu não sou a Luinha”?
Nem deu tempo de ficar pensando no comentário da Vicky, quando olhei no relógio já eram quase 8 horas e eu corri pro banho.
Quase uma hora depois cheguei com a Vicky no Red’s, não estava cheio como ontem porque hoje não teria nenhuma banda se apresentando. Avistei Chay em uma mesa conversando com a Sophia enquanto a Luinha olhava em volta como se estivesse entediada. Nossa, que progresso o Chay conversando com a Sophia.
‘Hey!’ Falei animado chegando perto da mesa. Lua olhou pra mim como se estivesse aliviada e abriu um sorriso enorme.
‘Finalmente alguém, não agüentava mais segurar vela sozinha!’ Ela se levantou e me abraçou.
‘Hey, você não tá segurando vela, Luinha!’ Sophia falou ficando um pouco vermelha e Chay riu.
‘Cadê o Pedro e o Micael?’ Perguntei observando o pub.
‘Ainda não chegaram. O Micael ligou dizendo que ia pegar a Mel e depois vinha pra cá, e o Pedro tá com ele!’ Chay fez um gesto pra que eu e Vicky nos sentássemos e foi o que nós fizemos. ‘Não tá muito movimentado aqui hoje.’ Ele falou olhando as mesas vazias.
‘É, ontem tava mais animado.’ Vicky comentou também observando o pub. ‘Vou lá pegar alguma bebida, alguém quer alguma coisa?’ Ela perguntou já se levantando.
‘Cerveja!’ Sorri pra ela. Nem precisava pedir, a Vicky sempre trás cerveja pra mim.
‘Eu quero um Bloody Mary.’ A Luinha falou sorrindo e eu a olhei assustado.
‘Um pouco forte não?’ Dei risada.
‘Tô precisando.’ Ela deu de ombros.
Não demorou muito e Micael, Pedro e Mel chegaram. Ficamos todos ali na mesa conversando e bebendo. Algum tempo depois percebi que só e Micael que estávamos completamente sóbrios e resolvi parar de beber um pouco, afinal alguém teria que dirigir, né?
Luinha.’ Sô ficou séria de repente encarando a entrada do pub. Todos pararam de conversar e olharam pra ela sem entender. ‘O Jake.’ Ela arregalou os olhos e todos na mesa olharam pra entrada do bar, onde Jake e mais um amigo entravam conversando alto. Lua fez uma careta e se virou dando de ombros. Ninguém falou nada, um silêncio um pouco incomodo se instalou por ali. Jake passou pela mesa olhando significativamente pra Luinha que fingiu não ter notado a presença dele e puxou um assunto qualquer finalizando o silêncio.
‘Paul!’ Vicky se levantou sorrindo para um cara alto e tatuado que entrou no pub. Aquele brutamonte era Paul? ‘Gente, esse é o Paul, se impostam se ele sentar aqui com a gente?’ Ela sorriu sem graça.
‘Senta aí, Paul!’ Pedro falou um pouco já um pouco alterado pela bebida, na verdade ele devia tá é morrendo de vontade de matar o Paul. O brutamonte... digo, o Paul sentou e não demorou muito pra começar a agarrar a Vicky ali na frente de todo mundo. Cara, ele pode até ser um brutamonte, mas confesso que me deu uma inveja desse merda, pegar a Vicky não é pra qualquer um. Ah, se ela não fosse minha prima.
‘Quem vai ao banheiro comigo?’ Mel perguntou já se levantando e a Luinha e a Sophia também se levantaram. Um dia eu vou descobrir por que as mulheres só vão ao banheiro acompanhadas, o que elas fazem de tão interessante lá dentro? Acompanhei as 3 com o olhar e vi Jake abrir um sorriso malicioso quando elas passaram por ele.
‘Dude, você não viu a morena que eu peguei ontem!!’ Pedro sorriu. ‘Ela tinha bastante... sabe?’ Falou fazendo gestos pra dizer que a garota tinha peitos enormes e eu dei risada. ‘Ela era amiga da que você tava pegando antes de sair correndo.’ Ah, a gostosinha que eu não lembro mais o nome. Chay começou a falar que a garota quase engolia o Pedro e os dois entraram numa discussão idiota sobre qualquer coisa que eu preferi não prestar atenção.
As meninas saíram do banheiro e Jake segurou Luinha pelo braço. 
‘Jake, eu não quero conversar.’ Ela falou um pouco mais alto e todos que estavam na mesa se viraram pra olhar. Melanie e Sophia ainda estavam do lado dela sem saber direito o que fazer. Jake falou alguma coisa em seu ouvido, ainda a segurando pelo braço. Dude, quem esse otário pensa que é pra segurar a Lua assim? Me levantei da mesa e caminhei até eles estavam.
‘Jake, solta ela.’ Falei num tom de voz normal com as mãos dentro do bolso tentando controlar a vontade de socar a cara dele. Ele olhou pra mim sorrindo cínico e eu percebi que ele estava bêbado. 
‘Eu só quero conversar com ela, Aguiar.’ Ele falou ainda segurando o braço da Luinha.
‘Você não ouviu ela dizer que não quer conversar? Solta ela.’ Aumentei um pouco a voz.
Arthur, tá tudo bem.’ A Luinha falou levantando a mão. ‘Eu vou conversar com ele.’ Ela sorriu nervosa e Jake soltou o braço dela. Os dois passaram por mim e foram para fora do pub enquanto eu os acompanhava com o olhar.
Sentei novamente na mesa junto com a Mel e a Sô. Micael me olhou como se falasse pra eu ficar mais calmo e eu tentei relaxar.
‘Cadê a Vicky?’ Perguntei quando percebi que ela e o Paul não estavam mais na mesa.
‘Foram lá pra fora.’ Micael deu de ombros. Passei a mão nervosamente pelo cabelo. Alguma coisa me dizia que aquela noite não seria nada boa. Uns cinco minutos depois Vicky entrou correndo e com os olhos arregalados. 
Arthur, a Luinha!’ Nem esperei ela terminar de falar e corri pra fora do pub. Olhei em volta e ouvi a voz da Lua. Andei rapidamente até um local mais afastado de onde a voz parecia ter saído e vi o Jake agarrando a Luinha enquanto ela chorava e se debatia tentando se livrar dele. Nem pensei duas vezes e corri até lá a afastando e logo depois acertando um murro no nariz do Jake. Ele cambaleou um pouco, me olhou com raiva e veio pra cima de mim. Nem tive tempo de reagir, senti uma dor forte e logo depois o sangue escorrer pelo meu nariz. Fui de novo pra cima dele dando um soco em sua barriga e senti alguém segurar meus braços e me puxar, logo depois vi o amigo do Jake fazendo o mesmo com ele.
Arthur, calma!’ Ouvi a voz de Micael enquanto eu ainda me debatia tentando ir de novo pra cima do Jake. Ele me puxou com força e quando vi já estava dentro do Red’s novamente ouvi a voz do Jake lá fora gritando alguma coisa incompreensível e logo depois um barulho de pneus de carro.
Num movimento rápido consegui fazer com que Micael me largasse. Olhei pro lado e vi a Luinha chorando enquanto as meninas tentavam acalmá-la. 
Luinha.’ Falei baixo chegando perto dela e a abraçando. Ela começou a chorar ainda mais e me abraçou pela cintura. ‘Calma, minha pequena, ele já foi. Não vai acontecer mais nada.’ Falei baixo beijando a cabeça dela. Passei a mão pelo meu nariz e vi que ainda sangrava. 
Arthur eu quero ir embora, me leva pra casa.’ Ela pediu soluçando. Olhei em volta e todos estavam nos olhando sem saber direito o que fazer.
‘Eu vou com você, quer dizer... eu vou dirigindo!’ Chay falou se aproximando. ‘Eu e a Sô vamos com você.’ Ele olhou pra Sophia que concordou silenciosamente.
‘Ok.’ Falei pegando na mão da Luinha e a puxando pra fora do pub. Entramos no carro em silêncio. Chay e Sophia foram na frente e eu fui atrás ainda tentando acalmar a Luinha.
Não demorou muito e Chay estacionou o carro na frente da minha casa. Soltamos os quatro e entramos logo em casa. A Luinha já havia conseguido parar de chorar. A deitei no sofá enquanto Sophia foi até a cozinha preparar um chá calmante. 
‘Cara, achei que você e o Jake fossem se matar. Nunca vi duas pessoas com tanto ódio.’ Chay falou baixo um pouco afastado da Luinha.
‘Se eu pudesse, matava mesmo.’ Falei passando a mão pelo cabelo. ‘Como que aquele otário pôde fazer isso, Chay?’ Perguntei ainda sem acreditar. ‘Eu achei que ele gostasse de verdade da Luinha.’ Abaixei meu tom de voz.
Arthur, o cara tava bêbado, ele não devia tá fazendo aquilo porque queria.’ Chay deu de ombros. A Luinha voltou a chorar e eu corri até o sofá pra abraçá-la. 
Luinha, fica calma. Não vai acontecer mais nada.’ Falei baixo a apertando contra mim.
‘Aqui o chá.’ Sô chegou na sala com uma caneca e entregou pra Luinha.
‘Eu não quero.’ Ela fungou, fazendo careta.
‘Você vai se sentir melhor depois desse chá, Luinha, e vai te ajudar a dormir.’ Sophia falou se ajoelhando na frente dela. Lua resmungou alguma coisa e acabou pegando a caneca.
Ficamos os quatro em silêncio enquanto ela tomava o chá. Nenhum de nós queria falar com medo dela começar a chorar novamente. 
‘Argh, chega. Isso é ruim.’ Ela fez uma careta, me entregando a caneca quase vazia. Ê amiga fresca. Fui até a cozinha e deixei a caneca dentro da pia. Passei a mão pelo meu nariz e percebi que o sangue tinha estancado.
Arthur, a gente já tá indo.’ Chay falou quando eu voltei pra sala. ‘Qualquer coisa me liga.’ Ele deu uns tapinhas no meu ombro e eu sorri fraco. Ouvi a Sô falar a mesma coisa pra Luinha e depois dar um beijo na cabeça dela.
‘Tchau, Arthur.’ Ela sorriu pra mim já na porta e eu apenas acenei.
Olhei pra Lua que estava sentada no sofá abraçando as pernas e sorri fraco.
‘Hey, hora da mocinha ir dormir.’ Me senti uma mãe falando isso. Que gay! Ela riu baixinho e me olhou com pena.
Arthur, seu nariz.’ Eu balancei a cabeça.
‘Já estancou, Luinha, nem tá doendo.’ Falei passando a mão no nariz. Doeu claro, mas eu fingi que não.
‘Desculpa.’ Ela falou baixo já com os olhos cheios de lágrimas. Ah não, de novo não.
Luinha.’ Falei aumentando um pouco a voz e a abraçando. ‘Não tem que pedir desculpas por nada, eu fiz porque eu quis. Nunca ia deixar um otário agarrar minha pequena e sair de lá sem as conseqüências.’ Ela suspirou alto como se estivesse controlando o choro. ‘Vamos dormir.’ Falei carregando ela.
Arthur, eu sei andar, sabia?’ Ela riu. Já disse que essas mudanças de humor repentinas dela me assustam?
‘Ah, é?’ Fingi que ia colocá-la no chão e ela se agarrou em meu pescoço.
‘Agora que já carregou leva ué!’ Ela sorriu marota. Eu sofro na mão dessa pirralha! sabe aquela história de casamento? Estou pensando seriamente em desistir! Se eu falar isso pra Luinha ela me mata. 
Entrei no quarto e botei a Luinha na cama.
‘Minha boxer!’ Ela sorriu pegando a boxer de ursinho em cima da cama exatamente no lugar que ela deixou hoje de manhã. Entrou em baixo dos lençóis e trocou a bermuda pela boxer.
‘Quer um casaco?’ Perguntei já que ela estava com uma blusinha sem manga e tava fazendo frio. Ela confirmou com a cabeça e eu peguei um casaco dentro do armário. Tirei minha calça e peguei outro casaco pra mim. Ouvi a porta de casa bater e deduzi que a Vicky tinha chegado. Entrei no banheiro, passei uma água no rosto e chequei se estava tudo bem com meu nariz, apesar da dor, aparentemente ele não parecia quebrado. 
Quando voltei pro quarto a Luinha já estava dormindo, deitei com cuidado ao lado dela e a abracei enquanto a observava respirar calmamente. Tentei não lembrar do beijo de mais cedo e qualquer coisa que eu tenha sentido durante aqueles momentos. A Luinha era minha melhor amiga, e um simples beijo não poderia mudar tudo. Não demorou muito e eu peguei no sono ainda sentindo meu nariz latejar de dor. 


‘Hey!’ Sorri pra Vicky enquanto descia as escadas e ela assistia tv na sala.
‘Bom dia!’ Ela retribuiu. ‘E a Luinha, tá melhor?’ Ela falou visivelmente preocupada. E a Luinha ainda consegue ter raiva dela. Minha prima além de ser extraordinariamente gostosa ainda é simpática.
‘Ela ainda tá dormindo. Ontem à noite a Sô fez um chá calmante pra ela, e aparentemente funcionou.’ Sorri entrando na cozinha.
Arthur.’ Vicky veio atrás me de mim e me olhou receosa. ‘O Jake, ele hm, veio aqui hoje de manhã.’ Eu arregalei os olhos e ela continuou. ‘Ele só queria saber se tava tudo bem, deixou aquelas flores pra Luinha e me pediu pra falar que ele não queria brigar com você ontem, ele tava bêbado.’ Ela apontou um enorme buquê de flores que estava na mesa da sala e eu nem tinha reparado.
‘Ele já viajou?’ Perguntei abrindo a geladeira.
‘Aparentemente sim. Quando ele passou aqui a mãe e o pai dele estavam no carro, e eles pareciam que estavam indo pro aeroporto, estavam arrumados.’ Ela deu de ombros. Ótimo, eu realmente não estava a fim de olhar pra cara daquele merda.
Eu e Vicky ficamos no sofá assistindo algum desenho sem graça que nos fazia rir. Ouvimos um barulho no andar de cima e logo depois a Lua apareceu na sala com cara de ressaca.
‘Bom dia!’ Falei rindo da careta que ela fazia.
‘Não grita Aguiar!’ Ela resmungou e se jogou no meu colo. ‘Eu odeio Bloody Mary.’ Eu e Vicky rimos enquanto ela esfregava os olhos ainda tentando acordar.
‘Não é hoje que seus pais chegam?’ Falei baixo.
‘Outch, é mesmo.’ Ela botou a mão na testa. ‘Tenho que ir pra casa.’ Ela se levantou cambaleando um pouco.
‘Yey, nunca mais deixo você tomar Bloody Mary.’ Falei me levantando junto com ela.
Arthur.’ Ela me olhou e depois olhou pra escada. ‘Me carrega?’ Ela fez cara de criança e eu ri. 
‘Ontem você disse que tinha perna.’ Dei de ombros sem sair do lugar.
Arthur, por favoooor!’ Ela falou manhosa me abraçando. Vicky deu risada e balançou a cabeça. Bufei vendo que estava sem saída e peguei a Luinha no colo. ‘Te amo, Arthur.’ Ela falou com uma voz de criança e eu subi as escadas carregando ela até o quarto.
‘Pronto, tá entregue.’ Ela me deu um beijo na bochecha e foi pro banheiro se trocar. Fiquei pensando se devia ou não falar pra ela que o Jake esteve lá, uma hora ela iria ver as flores em cima da mesa. Olhei pela janela e vi que pela primeira vez nesse verão estava chovendo. 
Arthur, posso ir com seu casaco? Tá frio!’ Luinha saiu do banheiro sorrindo.
‘Claro que pode, pequena.’ Forcei um sorriso e ela me olhou estranho.
‘Aconteceu alguma coisa?’ Ela se aproximou enquanto eu pensava rápido se falava ou não do Jake e da visita dele. A observei alguns instantes enquanto ela esperava por uma resposta.
‘O Jake veio aqui hoje cedo.’ Falei meio rápido, mas tentando não embolar as palavras. Ela me olhou como se não acreditasse a abriu a boca algumas vezes antes de conseguir finalmente falar alguma coisa.
‘O que ele queria? Ele te bateu de novo?’ Ela falou ainda mais rápido que eu.
‘Não, eu ainda tava dormindo também, foi a Vicky quem atendeu.’ Suspirei. ‘Ele deixou um buquê de flores pra você junto com um pedido de desculpas pra nós dois. Ele disse que estava bêbado e que não queria me bater.’ Dei de ombros enquanto ela continuou parada, como se estivesse absorvendo minhas palavras.
‘Ah, ok.’ Falou ainda um pouco atordoada. ‘Ele já foi?’ Perguntou enquanto calçava o tênis.
‘Já.’ Falei mais pra mim do que pra ela. ‘Eu te levo em casa, tá chovendo.’ Mudei de assunto quando percebi que ela não tinha reagido muito bem a visita do Jake. Lua não falou nada, apenas balançou a cabeça positivamente e saiu do quarto logo atrás de mim. 
Quando chegamos à sala ela olhou pra mesa e viu as flores que Jake tinha deixado, ficou algum tempo apenas olhando uma espécie de transe e depois mordeu o lábio balançando a cabeça. 
‘Vamos, Arthur, quero estar em casa quando meus pais chegarem.’ Ela falou como nada tivesse acontecido. Eu a olhei assustado, mas não contestei, apenas abri a porta e nós corremos pro carro debaixo de chuva.
Quando entramos no carro ela botou o cd do Papa Roach pra tocar e ficou cantando baixinho. Quando a Luinha ouve alguma coisa como Papa Roach ela realmente está com raiva, apesar de Forever ser uma musica um tanto quanto melancólica eu diria. Mais uma vez ela batucava as mãos na perna demonstrando nervosismo.

“Because days come and go
(Porque os dias vêm e vão)
But my feelings for you are forever.”
(Mas meus sentimentos por você são pra sempre)

Sorri pra mim mesmo, mas ela percebeu.
‘Que foi?’ Perguntou rindo e eu balancei a cabeça. ‘Ninguém sorri sozinho sem motivos, Arthur.’ Ela deu risada.
‘Eu sorrio, algum problema?’ Levantei a sobrancelha e ela negou com a cabeça ainda rindo.
‘Será que algum dia eu vou achar algum cara que realmente valha a pena?’ Ela ficou séria de repente e eu a olhei sem entender. ‘Ou será que eu realmente vou ter que te pedir em casamento?’ Riu.
‘Eu ainda tô disposto a aceitar.’ Dei de ombros rindo.
‘Você me agüentaria até o final das nossas vidas, Arthur?’ Ela encostou a cabeça no banco me olhando. De vez em quando a Luinha entra em uns assuntos totalmente alheios.
‘My feelings for you are forever.’ Cantei no ritmo da musica e ela riu. Parei o carro na frente da casa da Luinha e não tinha sinais de que os pais dela tinham chegado.
‘Bom, consegui chegar antes deles!’ Sorriu.
‘Manda um beijo pra eles.’ Falei enquanto ela abriu a porta, a chuva estava bem mais fraca.
‘Minha mãe vai me mandar te chamar pra ficar te paparicando e dizer que estava com saudades.’ Ela fez careta e eu ri. ‘Ela tem uma paixão secreta por você, Arthur!’ Nós dois rimos. ‘Melhor eu ir antes que a chuva aumente. Brigada pela carona, pequeno.’ Ela me deu um beijo na bochecha e eu sorri.
‘Fala pra minha tia que depois eu passo aí.’ Pisquei e ela riu.
‘Ela vai dar pulinhos de felicidade.’ Falou antes de fechar a porta e entrar em casa correndo.
Quando cheguei em casa encontrei Chay, Micael e Pedro assistindo tv com a Vicky. 
‘Finalmente, Aguiar!’ Micael se levantou rindo e eu o olhei sem entender. Não lembrava de ter marcado nada com eles. ‘Vamos ensaiar? Estávamos sem nada pra fazer e resolvemos passar aqui pra ensaiar.’ Ele falou como se tivesse lido meus pensamentos.
‘Vamos, também não tenho nada pra fazer.’ Dei de ombros.
‘Eu vou sair com o Paul.’ Vicky se levantou do sofá e eu concordei silenciosamente.
Descemos os quatro pro porão e começamos a preparar os instrumentos, fazia quase um mês desde o ultimo ensaio.
‘Dude, fala pro Aguiar o que aconteceu ontem!’ Pedro falou animado olhando pra Chay, olhei pra ele esperando uma resposta e ele sorriu debilmente.
‘Beijei a Sô.’ Eu sorri, tava demorando. ‘Quando fui deixar ela em casa depois que saímos daqui!’ Ele estufou o peito se achando.
‘Tava na hora já, cara!’ Falei rindo.
Ficamos conversando enquanto ajeitávamos as coisas e começamos o ensaio. Estávamos um pouco fora de forma, e toda hora um de nós se atrapalhava, acho que os ensaios teriam que se tornar mais constantes se quiséssemos algum dia fazer sucesso.
‘E a Luinha?’ Pedro perguntou depois do ensaio quando estávamos na sala comendo pizza.
‘Tá melhor, os pais dela chegam hoje daí ela foi pra casa.’ Falei com a boca um pouco cheia. E não me chama de porco, todo mundo faz isso. ‘O Jake veio aqui hoje.’ Falei depois de engoli o pedaço.
‘Sério?’ Chay arregalou os olhos e eu confirmei com a cabeça.
‘Quem falou com ele foi a Vicky, eu e a Luinha estávamos dormindo. Ele deixou aquelas flores ali pra ela.’ Apontei para o buquê que ainda estava em cima da mesa. ‘E disse que não queria me bater, que tava bêbado.’ Dei de ombros.
Depois da pizza e de uma sessão de Tartarugas Ninjas os caras foram embora eu fui pro quarto dormir, o ensaio tinha me acabado. Deitei na cama e um perfume conhecido invadiu meu nariz, o cheiro da Luinha estava espalhado pelos travesseiros e pelo cobertor, rolei pela cama tentando ignorar o perfume dela, mas a todo o momento eu lembrava aquele maldito beijo. Eu não devia ter feito aquilo, e pó rque eu ficava lembrando o tempo todo? Tudo bem que foi provavelmente o melhor beijo da minha vida, mas foi só isso. Dude, a Lua é minha amiga. Minha melhor amiga. 


Cara, o primeiro mês de férias já acabou. Por que os melhores dias parecem sempre que são os mais rápidos? Quando a gente tá naquela aula chata os segundos parecem horas, e agora nas férias as horas parecem segundos. 
As cartas de admissão das faculdades já chegaram, a Luinha a Sophia e a Melanie passaram em Cambridge, eu e os caras não nos candidatamos a nenhuma, a gente quer mesmo é continuar com a banda.
‘Vamos, Arthur!’ Vicky gritou no andar de baixo e eu desci as escadas correndo. Íamos aproveitar o sol na praia, ninguém agüentava mais piscina.
Combinamos todos de nos encontrar lá. Micael ia com a Mel, Chay ia com o Pedro pegar a Sophia (sim, eles estão ficando!) e a Luinha. A praia não ficava tão longe, alguns minutos depois estávamos saltando do carro. Preciso comentar que a Vicky fica extremamente gostosa de biquíni branco, será que se ela caísse na água ele ficaria transparente?
‘Acorda, Arthur.’ Ela me deu um pedala e me despertou do transe. Andamos pela areia até onde a Mel e o Micael já estavam aproveitando o sol. Alguns minutos depois Pedro chegou correndo trazendo a Luinha no colo, qualquer dia desse, ela vai ficar atrofiada e não vai mais conseguir andar. Chay e Sô vieram logo depois de mãos dadas, já comentei que eles formam um casal bonito? Esse foi um comentário gay, esqueçam isso.
‘Bom dia, pequeno.’ A Luinha me deu um beijo sorrindo.
‘Bom dia, preguiçosa. Se eu não te ligasse hoje você perdia a praia.’ Falei rindo e ela deu língua. Se na época do colégio ela não acordava sozinha, imagina de férias.
‘Cara de quem foi a maravilhosa idéia de virmos pra praia?’ Pedro perguntou sorrindo e a Mel levantou o braço. ‘Mel, eu te amo.’ Ele apontou para um grupo de garotas que tomavam sol e todo mundo riu. 
Mel, eu também te amo.’ Falei olhando para as garotas. Ah, como eu amo essa praia. Micael e Chay olharam, mas as meninas lançaram olhares nada legais pra eles que disfarçaram e olharam pro mar.
‘Quem vai pra água?’ Micael perguntou já se levantando. Eu, Chay e Pedro fizemos o mesmo e as meninas disseram que iam tomar sol e depois iam.
Arthur.’ Luinha me chamou quando eu me levantei. Olhei pra ela que por sinal fica linda com aqueles óculos que escondem quase o rosto todo dela. ‘Você passou protetor, meu branquelo?’ Ela riu.
‘Falou a morena da cor do pecado, né?’ Dei risada e ela mandou o dedo do meio. ‘Não preciso de protetor.’ Dei de ombros.
‘Ah tá bom, e amanhã você acorda se ardendo e vai culpar quem?’ Às vezes ela parece a minha mãe falando. Bufei e sentei na frente dela enquanto ela pegava o protetor.
Luinha, isso é nojento.’ Falei enquanto ela ia passando aquela coisa branca e gosmenta por todo meu rosto.
‘Cala boca, Arthur, amanhã você vai me agradecer por isso.’ Sempre meiga.
‘Você anda muito ousada, sua pirralha.’ Falei e comecei a esfregar meu rosto no dela. ‘Aqui tem protetor suficiente pra nós dois.’ Falei enquanto ela ria e me dava tapinhas no braço. Continuei passando meu rosto no dela e sem querer nossas bocas roçaram por alguns segundos. Cara, juro que foi sem querer, e na mesma hora eu senti aquele choque passando rapidamente por todo meu corpo.
Arthur, pára!’ Ela se afastou rindo com o rosto tão branco quanto o meu. ‘Olha o que você fez seu idiota.’ Ela passou a mão pelo rosto e fez careta. A olhei sorrindo por alguns segundos e ela corou levemente.
‘Bem feito.’ Mordi a bochecha dela e corri pra água me juntando aos caras.
Não demorou muito e as meninas também foram pra água.
‘Ain, tá gelada!’ Sô começou a dar pulinhos.
‘Deixa de ser fresca.’ Chay falou rindo e a agarrou pela cintura levando-a mais pro fundo. Ela não sabia se gritava ou se ria.
‘Dude, as gatinhas vão entrar na água!’ Pedro apontou discretamente as cinco garotas que estavam entrando no mar. As observei durante um tempo tentando me decidir em qual delas eu ia. ‘A de biquíni rosa é minha.’ Pedro falou baixo e me deu um pedala.
‘Eu fico com a de preto!’ Sorri e ele fez sinal pra que a gente fosse até lá. Nem pensei duas vezes.
‘Hey!’ Pedro olhou pra menina de rosa e ela sorriu. Olhei para a garota de preto que parecia mais interessada nas pequenas ondas que se chocavam com a barriga dela e fiquei em duvida se devia mesmo ir até ela. ‘Eu sou Pedro, e esse aqui é o Arthur!’ Pedro falou me acordando do pequeno transe, a menina de preto pareceu finalmente perceber que tinha mais alguém ali além delas e olhou séria pra mim e pro Pedro. Rapidamente ele começou uma conversa animada com a menina de rosa e eu fiquei com cara de idiota. Me aproximei da de preto e sorri, ela forçou um sorriso e eu confesso que quase desisti, mas não ia me dar por vencido tão fácil assim. Essas garotas que se fazem de difícil são as melhores. 
Nos primeiros cinco minutos de conversa já descobri que o nome dela era Hannah e que ela era de Liverpool. Ultimamente tenho me dado bem com as turistas. Conversamos sobre qualquer assunto que eu não prestei muita atenção já que a boca dela me parecia mais interessante do que qualquer outra coisa. Olhei discretamente pro lado e vi que Pedro já estava beijando a garota de rosa. Claro que eu não ia ficar pra trás, me aproximei da Hannah e sorri malicioso, ela abriu um risinho amarelo e botou a mão no meu peito me impedindo de beijá-la.
Arthur, eu tenho namorado.’ Ela falou baixo. Devo ter olhado pra ela com uma cara tão desesperada que ela soltou um risinho baixo. ‘Desculpa.’ Ela falou e foi pra perto das amigas, e eu fiquei lá, com cara de otário. Se pudesse cavava um buraco na areia pra enfiar minha cara. Nunca tinha levado um fora tão feio. Olhei pra Pedro que ainda estava se agarrando com a outra menina e fui pra perto dos meus amigos de novo, nem ousei olhar pra Hannah e suas amigas que naquele momento deviam estar rindo da minha cara.
‘Outch, que fora hein?’ Chay segurou o riso, aliás não só ele! Todo mundo tava segurando o riso.
‘Valeu!’ Fiz um joinha pra eles e mergulhei pra tentar aliviar a humilhação publica. Quando abri o olho embaixo da água a Luinha tava na minha frente sorrindo. Lembrei do beijo na piscina e subi rápido antes que fizesse besteira. 
‘Nossa, te assustei tanto?’ Ela deu risada.
‘Um pouco.’ Fiz careta e recebi um soquinho no braço. Já tava com saudades das meiguices dela.
‘A vadia te deu um fora?’ Ela perguntou olhando rápido pra Hannah.
‘Ela não é vadia, Luinha.’ Falei rindo e ela deu de ombros. ‘Mas sim, ela me deu um fora. Disse que tem namorado.’ Falei torcendo a boca e ela riu. Essa é minha melhor amiga, sempre rindo das minhas desgraças.
‘Ninguém manda dar em cima de qualquer uma.’ Ela falou ainda rindo.
‘Tá com ciúmes?’ Perguntei levantando a sobrancelha.
‘Claro, você é só meu.’ Ela vez uma voz sexy e deu risada logo depois. ‘Você é meu prometido.’ Ela piscou.
‘Nossa, que honra.’ A abracei pela cintura e ela vez uma cara convencida.
‘É sério Arthur, eu não divido seu pescoço com ninguém, ele é só meu.’ Lua encostou a cabeça em meu ombro e ficou com a boca colada em meu pescoço. Me arrepiei até o ultimo fio de cabelo. ‘E seu nariz também, só eu posso dar beijinho nele.’ Riu baixo.
‘Tô achando que você vai pedir em casamento antes dos 25!’ Falei rindo.
Arthur, quer casar comigo?’ Ela perguntou baixo perto do meu ouvido. Malditos arrepios.
‘Agora? No mar?’ Perguntei no mesmo tom que ela.
‘Aham, romântico, né? Nossos filhos vão amar saber que os pais tiverem um casamento tão original.’ Ela riu baixinho e eu balancei a cabeça. ‘Você ainda não respondeu, Arthur.’ Me olhou séria. Às vezes ela me assusta.
‘E precisa? Você já é minha.’ Sorri convencido.
‘Não tem nem aliança?’ Ela fez uma voz afetada. ‘Não quero mais casar com você, Arthur.’ Me soltou rindo. Confesso que me senti aliviado, mais um pouco e eu não me responsabilizaria pelos meus atos.
‘Fresca.’ Joguei água nela e ela deu língua.
‘Aê, garanhão!’ Micael gritou atraindo nossa atenção. Olhei e vi Pedro se aproximando completamente vermelho. Micael tem o dom de envergonhar as pessoas.
‘E você, cara, deixou a de preto escapar.’ Pedro comentou inocente.
‘Ele levou um fora.’ Luinha falou rindo e eu acho que fiquei tão vermelho quanto o Pedro.
‘Ela disse que tem namorado.’ Dei de ombros.
‘Ah tá!’ Ele respondeu sério, pelo menos alguém respeita a minha dor!
‘Não agüento mais essa água, vou tomar um sol.’ A Mel falou se levantando e Micael a acompanhou. Depois de alguns minutos só restavam eu a Luinha e o Pedro na água.
‘E seus pais?’ Perguntei pra Luinha quando o silêncio já estava começando a incomodar.
‘Tão bem. Minha mãe disse que quer te ver, tem quase um mês que ela chegou e você ainda não foi lá em casa.’ Sorriu.
‘Bom, pelo menos a sogra eu já conquistei.’ Brinquei e ela deu língua.
‘Se dependesse da minha mãe a gente já tava casado há anos!’ Ela deu risada brincando com a água. ‘Acredita que uma vez ela falou que você era o namorado perfeito pra mim e mandou eu jogar charme pra você?!!’ Ela corou.
‘Sério?’ Dei risada e ela confirmou com a cabeça. ‘E por que você não jogou?’ Levantei a sobrancelha e ela ficou mais vermelha. Adoro deixar a Luinha sem graça.
‘Porque você é meu melhor amigo oras!’ Deu de ombros. ‘E você não faz meu tipo.’ Ela riu baixo. 
Uma palavra; broxante. ‘Nossa, brigada!’ Falei sério.
‘Aaaaawn.’ Ela pulou em cima de mim rindo. ‘Como você é bobo, Arthur. Você acha mesmo que alguma garota diria que você não faz o tipo dela?’ Ela me olhou sorrindo. 
‘Não sei.’ Dei de ombros fazendo manha.
‘Deixa de doce, seu idiota!’ Ela deu risada me abraçando pelo pescoço. ‘Você é lindo, seu pateta.’ Ela deu um beijo na minha orelha e os malditos arrepios voltaram ainda mais fortes.
‘Você ficaria comigo?’ Juro que saiu sem querer! 
‘Ficaria, namoraria, casaria, teria filhos e passaria o resto da minha vida me gabando por ter alguém como você.’ Ela sorriu sincera encostando a testa na minha.
‘Já disse que você é linda e eu te amo?’ Sorri debilmente.
‘Hm, já! Mas pode repetir que eu não canso de ouvir nunca.’ Ela soltou uma risadinha e passou o nariz no meu como num beijo de esquimó. 
Já comentei que o sorriso da Luinha é uma das coisas mais lindas que eu já vi?
‘Os pombinhos vão ficar aí?’ Pedro interrompeu nosso momento pseudo-romântico.
‘Vamos?’ Sorri pra Luinha e ela confirmou com a cabeça. Saímos da água de mãos dadas e nos sentamos na toalha que ela estendeu na areia.
Passamos o dia lá, sentados, conversando. Pedro como sempre lançando (in)diretas pra Vicky que sempre tinha uma resposta pronta pra ele, coitado, vai morrer tentando. 
O sol começou a se pôr no horizonte e sentamos os oitro na areia pra ficar observando ele sumir. A Luinha sentou entre minhas pernas, encostou a cabeça em meu ombro e ficou acariciando meu cabelo, fechei os olhos aproveitando a brisa que batia de leve em meu rosto. Tudo que se ouvia era o barulho das ondas quebrando e alguns pássaros de vez em quando. A abracei pela cintura apoiei meu queixo no ombro, encostei meu nariz no pescoço dela que se encolheu um pouco sentindo cócegas e soltou um riso baixo. Fiquei acariciando a barriga dela com o polegar e confesso que tive que me controlar pra não deixar uma marquinha em seu pescoço. Tá, eu sei que ela é minha melhor amiga, mas é difícil!
Quando o sol sumiu por completo juntamos nossas coisas e voltamos pra casa na exata formação que viemos, ou seja, só eu e Vicky no carro. 


Arthur!’ A mãe da Luinha abriu a porta sorridente e me puxou para um abraço. ‘Que saudade de você, meu querido!’ Ela me soltou e ficou analisando meu rosto. ‘Ah, cada dia mais bonito!’ Sorriu sincera e eu devo ter ficado vermelho, a família Blanco é a única que consegue me fazer ficar sem graça.
‘Como foi a viagem, tia?’ Perguntei indo me sentar no sofá.
‘Ah foi ótima!’ Ela fez uma cara sonhadora como se estivesse lembrando. ‘Foi realmente maravilhosa, você precisa conhecer Veneza!’ Ela me olhou sorrindo.
‘Bom dia!’ A Luinha apareceu na sala com um blusão como se tivesse acabado de acordar.
‘Você me chama pra ir ao shopping e quando eu venho te pegar você ainda tá assim?!’ Falei olhando pra ela sem acreditar.
‘Desculpa, Arthur.’ Ela fez bico. ‘Dormi um pouco demais, vamos lá pro quarto que eu vou tomar banho e me troco rápido.’ Ela me puxou do sofá.
Arthur, você quer alguma coisa? Uma água, suco?’ A mãe dela sorriu.
‘Não, tia, brigada!’ Retribui o sorriso e fui puxado pela Luinha pro quarto dela.
‘Por que você não me ligou mais cedo? Eu já teria tomado banho pelo menos.’ Falou entrando no banheiro e encostando a porta.
‘Achei que não ia precisar. Lua, você conhece despertador?’ Perguntei rindo e ela resmungou alguma coisa no banheiro.
‘Vai pra merda, Arthur!’ Ela riu e logo depois ouvi o barulho do chuveiro sendo ligado.
Dez minutos depois ela saiu do banheiro com uma calça jeans, sutiã de caveirinhas muito sexy e uma escova de dente na boca. Andou até o armário e tirou duas blusas de lá.
‘Quel rãs doas?’ Perguntou com a escova na boca e eu dei risada. As blusas eram praticamente iguais, mas uma tinha manga e a outra não.
‘A sem manga, tá calor!’ Sorri e ela colocou a outra blusa no armário voltando pro banheiro logo depois. 

‘Nossa Arthur, acho que você vai ter que casar com a minha mãe, não comigo!’ A Luinha comentou rindo depois que conseguimos sair. A mãe dela quase me sufocou num abraço, dizendo que eu tinha que fazer mais visitas pra ela, que a Luinha saía o dia inteiro e a abandonava em casa e que eu precisava controlar mais a filha dela. Até parece que alguém consegue controlar essa pentelha.
‘Eu sou o preferido das mães.’ Falei modesto e ela riu entrando no carro.
‘Você é cara de pau, isso sim!’ Ela deu língua.
Fomos ouvindo o cd do Allister até o shopping, agradeci mentalmente quando chegamos porque ouvir a Luinha cantando, ou melhor, gritando não é muito agradável, principalmente pela manhã.
‘Da próxima vez me lembra de trazer fones.’ Brinquei e ela me deu um pedala.
Andamos pelo shopping olhando algumas vitrines e zoando com as pessoas mal vestidas que passavam, claro que fazíamos comentários entre a gente. Sabe que andar pelo shopping pode ser divertido? Achei que fosse coisa de mulherzinha, mas se a sua companhia for legal, passear pelo shopping é no mínimo engraçado.
‘Ah, que blusa linda!’ A Luinha parou em frente a uma vitrine e sorriu. ‘Vou experimentar!’ Ela me puxou pra dentro da loja antes de eu conseguir falar alguma coisa.
‘Posso ajudar?!’ Um cara moreno de olhos verdes sorriu pra Luinha e ela apertou minha mão. Não entendi essa de apertar minha mão.
‘Eu queria experimentar aquela blusa ali da vitrine!’ Apontou a blusa e sorriu boba. Precisava mesmo fazer essa cara de idiota só por causa do vendedor? Ele nem é bonito.
‘Claro, vou pegar uma pra você, linda!’ Ele piscou. Ei, eu existo sabia? E se eu fosse namorado dela? Otário.
Luinha soltou minha mão e foi olhar algumas calças e eu fiquei parado no meio da loja pensando em mil maneiras de torturar o vendedor tarado.
‘Tá aqui, linda!’ Ele voltou com a blusa e entregou pra ela sorrindo. Mais um sorriso desse e eu quebrava a cara dele.
‘Brigada!’ E ela ainda fica dando esses sorrisos bobos pra ele. 
Ela entrou numa cabine pra provar e o cara olhou pra mim. Ah, que bom que alguém percebeu que eu existo.
‘Muito bonita sua... amiga?’ Ela me olhou sugestivo e eu fechei a cara.
‘Namorada! Ela é minha namorada!’ Falei sem pensar e saí de perto dele, mas não sem antes ver a cara de merda que ele fez. Bem feito.
Arthur.’ A Luinha falou saindo do provador e eu nem consegui falar nada, acho que abri a boca e fiquei babando tanto que ela riu sem graça. ‘Tá bom?’ Ela me olhou em duvida.
‘Tá.’ Falei balançando a cabeça. ‘Tá linda, Luinha!’ Consegui sorrir sem graça. Sério, ela conseguiu ficar ainda mais linda com aquela blusa, e nem tinha nada demais. Era uma blusa prata com um ombro caído e um pouco mais apertada na barriga. Ela sorriu e entrou de novo na cabine. Olhei pro vendedor tarado e lá estava ele sorrindo bobo pra porta que ela tinha acabado de fechar, pigarreei e ele disfarçou parando de sorrir e fingindo que olhava algumas camisas em cima do balcão, mas que cara de pau!
Logo depois a Luinha saiu da cabine sorrindo.
‘Ficou bom mesmo?’ Ela me olhou.
‘Claro, Luinha, ficou linda!’ Sorri sincero e ela retribuiu.
‘Vou levar!’ Ela olhou pro vendedor tarado e ele sorriu. Pelo menos foi um sorriso normal, e não um sorriso safado como os de antes.
‘Vamos almoçar?’ Falei quando saímos da loja. Já estávamos andando pelo shopping a mais de duas horas, juro que não sabia que o shopping era tão grande!
‘Vamos! Quer comer o quê?’ Ela me olhou sorrindo.
‘Hm, comida!’ Falei sério e ela riu alto. ‘Depois eu que sou besta pra rir.’ Balancei a cabeça e ela deu língua. Depois de muita discussão acabamos no Burger King. Quando estávamos na fila uma loirinha na fila do lado começou a me secar, cara eu sou irresistível! Além de humilde, claro! Quando eu sorri pra ela a Luinha me abraçou olhando feio pra loirinha. Ok, só deixei essa passar porque eu tinha acabado de fazer a mesma coisa com aquele vendedor tarado. Abafei um riso e a abracei pela cintura.
Depois que pegamos nossos pedidos sentamos em uma mesa e ficamos comendo e conversando sobre qualquer besteira que vinha na nossa cabeça. Incrível quanta besteira pode sair de uma conversa minha com a Luinha.
‘E a banda, vocês tão ensaiando?’ Ela perguntou depois de ter uma crise de riso com alguma idiotice que eu falei.
‘Uhum, se a gente quiser algum dia fazer sucesso temos que ensaiar todo dia. Ficamos muito tempo sem praticar quando estávamos nas provas finais.’ Dei de ombros e ela concordou silenciosamente.
‘E a Vicky vai embora quando?’ Ela tomou um gole de coca.
‘Achei que você tivesse parado com essa implicância.’ Levantei a sobrancelha.
‘Foi só uma pergunta!’ Ela levantou os braços pra dizer que era inocente e eu ri balançando a cabeça.
‘No começo do mês que vem ela já deve tá indo.’ Olhei pra Luinha e vi que ela abriu um sorriso no canto da boca. Preferi nem falar nada. ‘Vamos?!’ Terminei de tomar minha coca e ela concordou se levantando. ‘Já disse que você fica bem de preto?’ Ela perguntou já fora do shopping.
‘É?!’ Levantei a sobrancelha sorrindo.
‘Yep, fica mais hot!’ Ela piscou. Mais uma vez a família Blanco e seu super poder de me deixar sem graça. Dei risada e entrei no carro. ‘Allister de novo não!’ Ela falou tirando o cd e pegando um do Finch. Ai meus pobres ouvidos.

“Once again your eyes make it hard to ask you why 
Mais uma vez seus olhos dificultam perguntar porque
So I sit here knuckles tight hands against the wheel 
Então eu sento aqui com os dedos duros mãos no volante
Your head against the glass and you mean so much to me.”
Sua cabeça junto ao vidro e você significa tanto para mim.

Incrível como ela, mesmo sem querer, acaba colocando a musica certa, na hora mais que certa. Cantei baixinho a musica enquanto ela olhava pela janela.
‘James vai dar uma festa no final de semana.’ Ela falou de repente, eu apenas balancei a cabeça demonstrando que tinha ouvido. James é um dos amigos populares da Luinha, talvez o pior de todos eles. Riquinho e arrogante, mora numa mansão de 3 andares e os pais vivem viajando. As festas dele são comentadas por semanas. ‘Você vai né?’ Ela me olhou em duvida. Sinceramente, não estava com o mínimo saco pra ir em festinhas populares.
‘Não sei, Luinha, não vou muito com a cara do James.’ Dei de ombros.
‘Ninguém vai.’ Ela voltou a olhar pela janela. ‘Ele não tem amigos realmente, todos andam com ele pela grana e pelas festas.’ E ela fala isso como se tivesse dizendo que gosta de arroz.
‘Você também?’ Desviei minha atenção alguns segundos e a olhei.
‘Não ando com ele, mas o Jake andava e ele acabava se enturmando de alguma forma.’ Deu de ombros. ‘Você vai?’ Ela me olhou novamente.
‘Não sei, vou falar com os caras.’ Preferi não confirmar e nem negar nada.
‘Se você não for eu também não vou.’ Ela comentou com naturalidade e eu a olhei sem entender. Eu gostaria realmente de entender a mente feminina. Não respondi nada e ela também não contestou, seguimos calados até eu parar em frente à casa dela.
‘Vai entrar?’ Ela me perguntou abrindo a porta.
‘Nop, marquei ensaio com os caras.’ Sorri e ela retribuiu.
‘Brigada pela companhia, pequeno.’ Ela mordeu minha bochecha e riu.
‘Muito saidinha você!’ Falei brincando e ela deu língua saindo do carro. A observei entrar em casa e suspirei ligando o carro novamente.


‘Dude, vamos assistir um filme, comer uma pizza. Fazer algo útil!’ Chay falou deitado no sofá da minha casa. Tínhamos acabado de passar o dia todo ensaiando e estávamos realmente cansados. Falei com eles sobre a festa do James no mesmo dia que fui pro shopping com a Luinha, e a gente resolveu ir, estávamos precisando de uma festinha.
‘Eu vou ligar pra Mel e falar pra ela vim pra cá.’ Micael pegou o celular e me olhou como se perguntasse se tinha algum problema.
‘Fala pra ela chamar a Luinha e a Sophia também.’ Falei passando os canais da tv.
‘Isso!’ Chay se animou e nós rimos.
Não demorou muito e as meninas chegaram trazendo pizza.
‘Eu amo vocês!’ Pedro falou pegando as pizzas e mandando beijinhos.
‘Nossa, que interesseiro!’ Sô deu um pedala nele.
‘Arthur, trás cerveja!’ Micael falou sentando na mesinha de centro no meio da sala onde o Pedro tinha colocado as pizzas.
‘Cara, a cerveja acabou.’ Falei inocente e todos olharam pra mim. ‘Tem tequila!’ Olhei em duvida e eles sorriram, bando de pinguços. Voltei pra sala com uma garrafa de tequila pela metade, alguns copinhos, limão e sal.
‘Hey!’ Vicky entrou em casa estranhando aquela movimentação.
‘Vicky, você é convidada especial!’ Pedro sorriu levantando a garrafa de tequila.
‘Bom saber!!’ Ela deu risada e sentou no chão do lado do Pedro. Impressão minha ou ela resolveu dar uma chance pra ele?
‘Vamos comer, né?!’ A Luinha falou já abrindo as caixas de pizza e todo mundo fez o mesmo. Parecia um bando de famintos vindos do deserto.
Comemos, falamos besteira, assistimos algum filme infantil na tv e rimos de qualquer detalhe, isso porque ninguém ainda tinha tomado a tequila.
‘Quem começa?’ Micael levantou a garrafa quando a maioria já tinha acabado de comer.
‘Eu!’ Pedro levantou o braço fazendo todo mundo rir. Micael passou a garrafa pra ele que pegou o sal e uma metade de limão. ‘Lá vai!’ Falou botando o sal na boca e virando o copo de tequila logo depois. ‘Arrgh.’ Ele fechou os olhos fazendo careta e mordeu o limão fazendo todo mundo rir.
‘Agora sou eu!’ Peguei a garrafa da mão de Pedro e fiz o mesmo que ele. Não demorou muito e todos já tinham virado o copo de tequila. Quase uma hora depois a garrafa já estava vazia.
‘Quem quer brincar de Verdade ou Conseqüência?’ Mel sugeriu e todo mundo concordou. Ela pegou a garrafa vazia, botou no meio da roda que nós fizemos e girou. ‘Opa, Pedro você pergunta proMicael.’ Ela sorriu.
‘Verdade!’ Micael falou rápido antes mesmo de o Pedro perguntar.
‘Hm... deixe-me ver.’ Pedro fez uma cara pensativa fazendo todo mundo rir. ‘Quantas você já levou pra cama.’ Ele fez uma cara maliciosa e Micael riu.
‘Contando rápido, umas 13!’ Ele deu de ombros depois de ter pensado por um tempo.
‘E isso inclui a Mel?’ Chay o olhou.
‘Ei, é só uma pergunta ok?’ Ela girou a garrafa rápido.
‘Vicky, você pergunta pro Arthur.’ Olhei pra Vicky que me olhava pensando em alguma pergunta. Espero que ela tenha piedade e lembre que eu sou primo dela!
‘Verdade, muito cedo pras conseqüências!’ Falei rindo.
‘Qual o melhor beijo da sua vida?’ Ela sorriu sugestiva. Será que ela tinha visto o beijo na piscina e não tinha me contado? Olhei rápido pra Lua que me olhava nervosa. Eu bebi, mas ainda tinha consciência de algumas coisas!
‘Não sei.’ Falei pensativo e Chay me deu um pedala. ‘Ok, a Sharon!’ Falei me referindo a minha ex-namorada. Cara ela era realmente gostosa e beijava muito bem. Não melhor que a Luinha, mas ninguém precisava saber disso certo? Certo.
Depois disso ninguém parecia mais querer falar verdade todo mundo foi logo pras conseqüências. Depois do Chay ter beijado a Melanie, o Micael beijado a Sophia e a Luinha, o Pedro beijado a Luinha e eu beijado a Vicky (sim, beijei minha prima gostosa) e a Mel resolvemos parar.
‘Eu já vou, dude, aproveitar que o efeito do álcool já passou!’ Chay se levantou depois de um tempo e a Sô e o Pedro foram com ele. Micael e Mel também não demoraram muito e foram embora. Vicky já tinha subido pro quarto e eu e a Luinha ficamos vendo tv no sofá.
‘Posso dormi aqui?’ Ela perguntou sorrindo e deitando no sofá.
‘Vai dormir no sofá mesmo?’ Dei risada e ela confirmou com a cabeça. Fiquei a observando por alguns longos minutos, o jeito como ela se encolhia pra dormir, como os cabelos caiam levemente no rosto dela, a respiração calma. Levantei do chão e me deitei no sofá a abraçando por trás.
‘Eu também.’ Falei no ouvido dela e percebi que ela se arrepiou. Bom saber que não era só eu que me arrepiava. Sorri comigo mesmo e dei um beijo no pescoço dela.
‘Boa noite, Arthur.’ Ela sorriu de olhos fechados e eu fiz o mesmo.



‘Cara, isso é que é festa!’ Pedro sorriu quando chegamos à casa de James. A musica estava alta e tinha gente por todos os lados, no jardim, na piscina, nas varandas.
‘O Micael e a Mel estão ali!’ Falei apontando pra um casal que estava se agarrando em um canto. ‘Quem vai atrapalhar?!’ Ri olhando pro Pedro e pro Chay enquanto a Vicky já se afastava indo pro bar.
‘Eu vou!’ Chay sorriu debilmente e foi até onde eles estavam. ‘Opa!’ Ele falou apertando a bunda do Micael que se assustou e olhou pra ver quem era. Começamos a rir enquanto ele e a Mel ficavam completamente sem graça.
‘Cadê as meninas?’ Ela perguntou olhando em volta.
‘A Sô me ligou falando que elas estão chegando.’ Chay sorriu e elas chegaram segundos depois. ‘Não morrem mais!’ Chay deu um selinho em Sô e a abraçou. Olhei pra Luinha e sorri ao ver que ela usava a blusa que comprou na loja do vendedor tarado. Parecia que tinha ficado ainda melhor do que quando ela experimentou. Ela se aproximou sorrindo e me deu um beijo na bochecha.
‘Vamos dançar!’ Pedro falou começando a rebolar fazendo todo mundo rir. No meio da sala tinha um espaço aberto que parecia uma boate improvisada, muitas pessoas já estavam por ali dançando e se agarrando. Lua me puxou pro meio da pista sorrindo e começou a dançar alguma musica que eu não consegui identificar.
‘Luinha, você sabe que eu não sei dançar.’ Falei rindo olhando em volta.
‘Segue o ritmo, Arthur!’ Ela sorriu fazendo movimentos engraçados. Olhei pro lado e vi Pedro dançando no meio de uma roda de garotas, ele realmente não perde tempo. Chay e Sô também estavam ali por perto. Ri das tentativas do Chay de rebolar e preferi nem tentar antes que fizesse pior do que ele.
‘Vamos pegar bebida, dude.’ Falei pra Chay que sorriu aliviado pra mim. Acenei pra Luinha e o Chay fez o mesmo com a Sophia.
‘A Sô sempre insiste em me fazer dançar.’ Ele falou balançando a cabeça e eu ri. ‘Cerveja.’ Ele sorriu apontando pra um freezer cheio de cerveja. Pegamos duas cada um e fomos sentar em uma mesa que tinha ali por perto.
‘E então, como tá com a Sô?’ Perguntei bebendo um gole da cerveja.
‘Tranqüilo. Eu gosto dela, vou esperar mais algum tempo e talvez a peça em namoro.’ Ele sorriu debilmente e eu fiz um joinha pra ele. Duas garotas passaram pela gente sorrindo, mas pareciam estar bêbadas demais pra saber o que faziam. Uma pena, a de vermelho era realmente gostosa.
‘Cara agora eu sei por que as festas do James são comentadas por semanas.’ Falei olhando em volta. A casa era imensa e as pessoas pareciam se divertir como nunca, a maioria bêbada demais pra saber exatamente o que estavam fazendo.
‘Isso porque a noite mal começou.’ Ele piscou maroto e eu concordei.
Ficamos bebendo e conversando por um tempo, quando as quatro latinhas de cerveja acabaram fomos pegar mais quatro, até já ter umas 10 latas espalhadas pela mesa.
‘Hey, tão descontando as frustrações na bebida?’ Micael perguntou rindo e se sentando com a Mel no colo. Eu e Chay sorrimos idiotamente já um pouco alterados pela bebida.
‘Nossa, aqui é o depósito de latinhas?’ A Luinha chegou logo depois junto com a Sô. As duas suadas e com os cabelos um pouco desarrumados.
‘E vocês vieram da guerra?’ Melanie perguntou dando risada e as duas deram dedo pra ela.
‘Tô morta!’ A Luinha falou sentando em uma cadeira e botando os pés em cima da mesa. Educação mandou lembranças.
‘E o Pedro?’ Sô olhou em volta procurando algum sinal dele. Olhei também e vi alguém em um canto se agarrando com uma garota.
‘Ali com a...’ Apertei os olhos pra ver se estava enxergando bem. ‘A VICKY!’ Gritei assustado e todos olharam pra o canto onde os dois estavam.
‘Não acredito!’ Chay gargalhou se levantando.
‘Aê, Pedro! Vai nessa, garanhãão!’ Micael gritou também se levantando. Pedro mandou dedo sem parar de beijar a Vicky e nós rimos. Ou ela estava muito bêbada, ou ela estava drogada.
Deixamos o Pedro de lado e começamos a comentar sobre as pessoas a nossa volta. Provavelmente 9 em cada 10 estavam bêbadas, alguns rostos conhecidos do colégio, outros nunca vistos, mas todos estavam ali com um objetivo em comum, provavelmente beber e se divertir, sem se preocupar com as conseqüências claro!
‘Ah vai, chega de conversar! Isso tá ficando monótono!’ A Luinha se levantou. ‘Vamos dançaaar!’ Ela sorriu me puxando e a Sophia fez o mesmo com o Chay.
‘Concordo, Luinha!’ Mel se levantou também puxando Micael. Ok, ficamos sem saída. Olhei pra eles que deram de ombros indo novamente pra sala que agora parecia ter ainda mais gente.
As meninas começaram a dançar animadamente e nós três ficamos enrolando um pouco. Ríamos mais do que outra coisa com as nossas tentativas frustradas de rebolar. Micael fazia uns passos engraçados e eu e Chay mexíamos os braços fingindo dançar no ritmo da musica. Alguns caras se aproximaram das meninas que dançavam tão empolgadas que nem repararam. Chay e Micael correram para perto da Sophia e da Melanie e eu também corri pra perto da Luinha. Eles me olharam sem entender e eu dei de ombros. Ah qual é? 99,9% dos homens naquela festa estavam bêbados, eu não ia deixar nenhum chegar nela. Ficamos ali dançando durante algum tempo e quando dei por mim os casais já estavam se agarrando em algum canto. Olhei em volta e a sala já estava mais vazia.
‘Eu vou ao banheiro.’ A Luinha falou já se afastando. Observei ela se afastar e vi um grupo de bêbados sorrindo maliciosamente quando ela passou. Fui correndo atrás dela, obvio que não ia deixar ela ir sozinha.
‘Eu te ajudo a procurar!’ Sorri quando cheguei ao lado dela.
‘Ótimo, eu juro que nunca vi uma casa tão imensa. Acho que não vamos saber voltar depois.’ Ela riu olhando em volta. ‘Deve ser lá em cima.’ Ela apontou uma escada e nós subimos.
‘Nossa, que diferença.’ Falei observando uma sala pequena e um corredor com alguns quartos. Poucas pessoas passavam por ali e a maioria dos quartos parecia ocupados. ‘Ali!’ Apontei uma porta aberta que dava pro banheiro.
‘Já volto!’ A Luinha sorriu se afastando. Voltei pelo corredor contando quando portas tinham, 10 no total, 5 de cada lado. Dude, aquilo sim era uma mansão. A salinha estava vazia e eu sentei num puff preto e grande que tinha por ali. Uma musica lenta tocava no andar de baixo e eu joguei a cabeça pra trás relaxando.
‘Já tá com sono?’ Abri os olhos e a Luinha estava sorrindo parada na minha frente.
‘Não, efeito da cerveja tá passando.’ Balancei a cabeça e ela sentou no puff jogando as pernas por cima das minhas.
‘Contei quantas portas têm nesse corredor!’ Ela falou rindo.
‘Eu também!’ Rimos da nossa idiotice. ‘Não sabia que essa casa era tão imensa.’ Dei de ombros fitando o teto.
‘Eu já vim aqui algumas vezes. James sempre nos convidava pra um banho de piscina.’ Ela encostou o queixo em meu ombro e fechou os olhos. ‘Saudades do cheirinho do seu pescoço.’ Riu boba.
‘Luinha, você cheirou meu pescoço anteontem.’ Dei risada sentindo os malditos arrepios tomarem conta do meu corpo.
‘Tá vendo, um dia e eu tenho crise de abstinência.’ Ela se aproximou mais encostando a boca em meu pescoço. Ok, se alguma coisa acontecer, juro que foi culpa da cerveja. ‘A Sharon beija tão bem assim?!’ Perguntou de repente sem afastar a boca do meu pescoço.
‘Ciúmes?’ Sorri pra mim mesmo já que ela estava com os olhos fechados.
‘Não, eu até gostava da Sharon.’ A Luinha deu de ombros. Verdade, acho que a Sharon foi a única garota que eu fiquei e ela não falou mal. ‘Você precisa parar com essa mania de achar que eu morro de ciúmes de você, Arthur.’ Ela abafou um riso.
‘E é mentira?’ Falei brincando e ela beliscou meu braço. ‘Tá, parei.’ Dei risada.
O silêncio se instalou entre a gente e nenhum dos dois parecia ter coragem de quebrar. Não era um silêncio constrangedor nem nada, era apenas um silêncio.
‘Essa é a nossa música: música, Arthur.’ A Luinha falou de repente ainda com a boca colada em meu pescoço, balancei a cabeça e esperei a musica começar.

“Do you love me? Oh do you love me? I say so
Do you need me? Oh do you need me? God I hope
I get this feeling deep inside
That somewhere, somehow you've passed me by
I can't put my finger on it but
The more that I see you the more that I know.” 


Senti a Luinha se afastar um pouco, mas continuei fitando o teto prestando atenção na musica.

“Everywhere you go is everywhere I've been
You finish all my sentences before they begin
And I know that look in your eyes
It's like I've seen you before about a million times
In another life, in another life maybe,
In another life you must've been mine.”


Olhei pra ela que sorria de olhos fechados como se aproveitasse cada palavra da musica. Eu não sabia o que ela quis dizer quando falou que essa era nossa musica, eu não sabia o que ela tava pensando naquele momento, eu não sabia o que ela tinha sentido naquele beijo na piscina, eu não sabia de mais nada naquele momento. Tudo que eu sabia era ela, tudo que eu sentia era ela, tudo que eu via era ela, tudo que eu pensava era ela. Eu já não me importava mais se aquilo ia afetar nossa amizade e nem se depois eu ia me arrepender. Eu precisava fazer aquilo, eu tinha que sentir aquilo tudo de novo, tinha que provar que era mesmo de verdade.
Me aproximei lentamente da Luinha que ainda parecia estar em uma espécie de transe escutando a musica, segurei delicadamente seu queixo, levantando um pouco sua cabeça e ela não contestou, continuou sorrindo. Rocei meus lábios no dela e senti os pêlos da minha nuca se arrepiarem, deslizei minha mão pra sua nuca e entrelacei meus dedos em seus cabelos. Passei a língua devagar pela boca dela que abriu com cuidado como se quisesse aproveitar cada milésimo de segundo. Quando nossas línguas se encostaram os choques percorreram rápido todo meu corpo, cada parte de mim se arrepiou e senti meu estomago revirar. Por alguns segundos achei que tivesse perdido completamente todos os meus sentidos, até ela pousar a mão delicadamente em meu pescoço e acariciar minha bochecha com o polegar. A puxei mais pra perto pela cintura e ela sorriu.

“You make me feel so oh, you make me feel so
Beautiful
It doesn't matter
No it never matters it we're out or home
We can make hours into years
Wherever you go you're always here
It's like I've known you from before
But I'm just so happy you walked through my door.” 


Passei meu polegar pela parte descoberta de sua barriga e percebi que ela se arrepiou, minha vez de sorrir. Ela mordeu meu lábio delicadamente me fazendo soltar um gemido abafado e deu um risinho sem parar de me beijar. Os choques dentro de mim se tornavam cada vez mais fortes e eu não conseguia e nem queria parar aquele beijo, era como se ela fosse um ímã.

“Everywhere you go is everywhere I've been
You finish all my sentences before they begin
And I know that look in your eyes
It's like I've seen you before about a million times
In another life,
In another life maybe, in another life you must've been mine.”

”I'm breathing you in, I'm breathing you out
You're all around me
No matter what we do, I wanna spend my life with you, only you
Do you love me? Oh do you love me?
Say you love me, oh say you love me!” 


Ela mordeu meu lábio novamente, mas dessa vez foi se afastando lentamente. Abri meus olhos e a observei tão perto de mim que nossos narizes ainda se encostavam. Ela continuava acariciando minha bochecha com o polegar e abriu os olhos lentamente, quando nossos olhares se encontraram nós sorrimos, mas não ousamos falar nada. Qualquer palavra podia estragar aquele momento e a gente sabia disso. Dei um beijo na ponta do nariz dela como ela sempre fazia comigo e ela soltou um risinho baixo, beijei a bochecha dela, o queixo, o canto da boca e dei uma mordida leve no lábio dela, quando fui beijá-la de novo ela se afastou sorrindo. Ficou me olhando alguns segundos e depois se aproximou novamente, roçou o nariz no meu como num beijo de esquimó e depois colou nossos lábios novamente. Dessa vez ela passou a língua para que eu abrisse a boca e nossas línguas se encontrassem me fazendo sentir aquela corrente elétrica passar novamente por todo meu corpo.

“Everywhere you go is everywhere I've been
You finish all my sentences before they begin
And I know that look in your eyes
It's like I've seen you before about a million times
In another life, in another life maybe
In another life you must've been mine.”

“Do you love? Oh say you love me!” 


Me afastei lentamente deixando nossas testas encostadas, ela continuou com os olhos fechados e eu acariciei sua bochecha. Encostei nossos lábios novamente e não fiz mais nada, ficamos ali apenas com os lábios encostados como se nos separar fosse a ultima coisa que quiséssemos fazer.
‘Arthur.’ Ela sussurrou ainda com a boca encostada na minha. ‘Uma hora a gente vai ter que falar alguma coisa.’ Ela sorriu.
‘Cala boca, Luinha, não estraga o momento.’ Botei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
‘Eu quero ir pra casa.’ Ela me abraçou beijando meu pescoço. ‘Pra sua casa, pra sua cama confortável, pra minha boxer de ursinhos.’ Ela me olhou sorrindo e é inevitável não sorrir olhando o sorriso dela.
‘Tem certeza que quer sair daqui?’ A abracei mais forte e ela riu.
‘Tenho.’ Ela balançou a cabeça. Bufei a olhando de novo e ela beijou meu nariz. ‘Vamos.’ Lua pegou minha mão e me puxou se levantando.
‘Você é chata!’ Fiz manha a abraçando pela cintura e ela sorriu cruzando os braços em meu pescoço.
‘In another life you must have been mine.’ Ela cantou baixo em meu ouvido e beijou meu pescoço. Me arrepiei até onde não tenho cabelo, incrível o efeito que ela tem em mim, que só ela tem em mim. Dei um selinho nela e peguei sua mão.
Chegamos ao andar de baixo e ainda tinham algumas pessoas dançando na sala. Vimos Chay e Sô se agarrando no sofá e eu tive que ir atrapalhar.
‘Dude!’ Toquei no ombro dele que parou de beijar a Sophia e me olhou confuso. ‘Eu já to indo, a Luinha tá com dor de cabeça, avisa pra Vicky, ok?’ Ele balançou a cabeça concordando e voltou a beijar a Sô.
‘Ótima desculpa.’ A Luinha riu já do lado de fora da casa.
‘Você tinha uma melhor?’ A peguei pela cintura e a tirei do chão. Ela riu alto e balançou a cabeça negativamente. Sorri e dei um selinho nela a botando novamente no chão.
Fomos o caminho inteiro até em casa falando bobagens e rindo. Quando estacionei em frente a minha casa ela soltou rápido e ficou esperando pra me dar a mão. Abri a porta de casa e ela sorriu observando a casa como se fosse a primeira vez. A abracei por trás e encostei meu queixo em seu ombro. Ficamos alguns instantes ali parados e abraçados, sem pressa, apenas aproveitando a presença um do outro. Comecei a caminhar lentamente ainda a abraçando pela cintura, quando chegamos em frente a escada ela parou e se virou pra mim.
‘Eu acho que desaprendi a andar!’ Ela sorriu marota e eu ri alto.
‘Rápida você, hãn?’ Balancei a cabeça e ela fez bico. A peguei no colo e sorri enquanto ela me olhava como se eu fosse alguma coisa de outro mundo. Subi as escadas e entrei no quarto deixando ela em cima da cama.
‘Minha boxeeer!’ Ela riu como uma criança sacudindo a boxer pro alto. Essa é uma das coisas que mais me encantam na Lua, ela tem a capacidade de ser tão mulher e ao mesmo tempo tão criança, consegue ser sexy e inocente. ‘Vira de costas, Arthur.’ Ela me olhou sorrindo. Eu balancei a cabeça e virei dando risada.
‘Quer uma camisa?’ Perguntei ainda de costas e ela confirmou. Fui até a gaveta e peguei uma camisa azul clara. Me virei e ela me olhava sorrindo com a boxer e a blusa de festa. ‘Quer ajuda pra tirar?’ Sorri safado e ela gargalhou.
‘Não seu tarado.’ Ela tirou a blusa ali na minha frente mesmo e colocou a que estava na minha mão. ‘Quer parar de ficar me olhando?!’ Falou sem graça enquanto eu a encarava sorrindo debilmente. Balancei a cabeça e abracei pela cintura.
‘Já disse que você é linda?’ Dei um selinho nela que balançou a cabeça confirmando e rindo.
‘Vai, Arthur, tira logo essa calça.’ Ela falou impaciente e eu levantei a sobrancelha.
‘Depois eu que sou tarado.’ Balancei a cabeça tirando a calça e ela riu.
‘Você foi com essa camisa preta só porque eu disse que ficava mais hot, né?’ Ela sentou na cama me olhando.
‘E precisa de um motivo melhor?’ Sorri dando um selinho nela e a deitei na cama ficando por cima dela.
‘Eu já disse que você é lindo?’ Ela sorriu me olhando e acariciando meu cabelo. Eu confirmei da mesma forma que ela. Ficamos algum tempo nos observando em silêncio. Deitei ao lado dela e a abracei pela cintura. Ela colou o corpo no meu e encostou o nariz em meu pescoço. ‘Eu não vou dividir seu pescoço com ninguém, nunca.’ Ela beijou meu pescoço.
‘Eu vou deixar ninguém mais dormir cheirando meu pescoço, nunca.’ Falei no mesmo tom e ela riu acariciando meu cabelo.
‘Eu te amo, meu pequeno.’ Eu sorri a apertando mais contra mim.
‘Eu te amo, minha pequena.’


Acordei com uma luz batendo em meu rosto e depois de abrir os olhos percebi que um pouco da cortina estava aberta fazendo com que os raios do sol entrassem e atingissem direto meu rosto. Demorei alguns segundos pra perceber a Luinha ali do meu lado e lembrar de tudo que havia acontecido na noite anterior. O sorriso que eu abri ao lembrar foi débil, idiota e ao mesmo tempo inevitável. A observei respirar tranquilamente e continuei a abraçando pela cintura, ela tinha um pequeno sorriso no canto dos lábios como se estivesse tendo um sonho perfeito e eu preferi não acordá-la. Afastei algumas mechas de cabelo que caiam no rosto dela e acariciei sua bochecha, ela se mexeu um pouco, mas continuou dormindo.
Não tive coragem de me levantar, em parte por causa da preguiça, mas também por medo de acordar a Luinha, ela fica ainda mais linda dormindo. Cara, acho que ela desperta meu lado gay. Fechei os olhos novamente e fiquei acariciando as costas da Luinha por debaixo da blusa, eu poderia passar o resto do dia apenas deitado na cama a observando dormir.
Alguns minutos depois reabri os olhos e ela continuava a dormir tranquilamente, a claridade que entrava e batia em meu rosto estava começando a incomodar e resolvi me mexer um pouco, quando finalmente consegui tirar meu rosto da claridade senti a Lua se mexer e segundos depois ela abriu os olhos calmamente. A encarei sorrindo e ela sorriu de volta corando um pouco.
‘Me diz que você não tava me olhando dormir.’ Ela esfregou os olhos como se fosse uma criança e soltou um riso abafado.
‘Por quê?’ Levantei a sobrancelha sem entender.
‘Arthur, eu devo ser ridícula dormindo.’ Ela botou o travesseiro no rosto e eu dei risada.
‘Hey.’ Tirei o travesseiro do rosto dela que me encarou séria. ‘Você é linda dormindo, acordando, sorrindo, andando, dançando e fazendo qualquer outra coisa.’ Sorri puxando-a pela cintura mais pra perto enquanto ela ainda me encarava séria.
‘Às vezes eu me pergunto se você é real mesmo.’ Ela abriu um pequeno sorriso no canto dos lábios. ‘Tenho medo que seja só minha imaginação.’ Acariciou meu rosto.
‘Posso provar que sou real?’ Falei aproximando meu rosto do dela. Ela mordeu o lábio inferior (é tão sexy quando ela faz isso) e balançou a cabeça positivamente. Sorri a observando fechar os olhos quando nossos narizes se tocaram.
Os choques começaram a percorrer rapidamente todo o meu corpo quando nossas bocas se encontraram e logo depois nossas línguas brincaram como se fossem velhas conhecidas. Passei minha mão por dentro da blusa dela e acariciei suas costas. Exatamente como no dia da piscina, o corpo dela ainda parecia eletrizado e cada toque era como se eu levasse um choque, um choque bom que parecia eletrizar o meu corpo também. Desci os beijos para o pescoço dela que tinha um perfume delicado e ela puxou de leve meu cabelo, levei minha mão que estava nas costas dela até sua coxa e com a outra a apertei pela cintura ouvindo um gemido abafado dela. Ela me puxou de volta para o beijo e passou uma mão por dentro da minha blusa, os arrepios tomaram conta do meu corpo novamente e eu sorri sem parar de beijá-la. Subi a mão para a cintura dela e brinquei com o elástico de sua boxer passando o dedo por ele, ela não contestou e eu fui tirando-a devagar.
‘Arthur.’ Ela parou de me beijar rapidamente e me olhou assustada.
‘Desculpa, pequena.’ Sorri tirando minha mão da boxer dela e acariciei sua bochecha.
‘Eu não me...’ Ela começou a falar mas eu a interrompi.
‘Ei, não precisa se explicar, eu me precipitei. Desculpa.’ Sorri sincero. Ela deitou a cabeça em meu peito e me abraçou enquanto eu fazia carinho nos cabelos dela.
‘Que horas são?’ Ela perguntou com a voz arrastada. Peguei o celular do lado da cama e chequei a hora.
‘Quase meio dia.’ Nem tinha me dado conta do horário ainda.
‘Tô fome.’ Ela me olhou sorrindo.
‘Quer descer?’
‘Tô com preguiça!’ Sorriu marota e eu balancei a cabeça rindo. ‘Vai, vamos descer que eu sei que você também tá com fome.’ Ela me deu um beijo no pescoço e se levantou entrando no banheiro em seguida. ‘Céus!’ Ela falou alto e eu me levantei pra ver se tinha acontecido alguma coisa. ‘Arthur, eu to terrível, como você pôde dizer que eu era linda acordando?!’ Ela se encarava no espelho como se tivesse vendo um monstro e eu ri alto.
‘Sua visão deve tá meio embaçada, Luinha, você tá linda como sempre!’ A abracei por trás e ela balançou a cabeça. Ficamos alguns instantes parados observando nossa imagem refletida no espelho. ‘Tô com fome.’ Fiz careta e ela riu se virando de frente pra mim.
‘Vamos descer vai, faminto!’ Ela me empurrou pra fora do banheiro e descemos até a cozinha de mãos dadas.
‘Bom dia!’ Falamos juntos quando vimos Vicky tomando café. Ela nos olhou sem entender e nós demos risada.
‘Bom dia.’ Ela balançou a cabeça rindo. ‘Eu fiz waffles!’ Ela apontou um prato na mesa com alguns waffles.
‘Ah, eu amo Waffles!’ Luinha sentou na mesa sorrindo e eu sentei ao lado dela.
‘Então, como foi o resto da festa ontem?’ Olhei pra Vicky que parecia estar de ressaca. ‘Tudo bem, mas minha cabeça parece que vai explodir!’ Ela forçou um sorriso. A campanhia tocou e ela se levantou. ‘Deixa que eu atendo!’ Falou rápido saindo da cozinha.
‘Bom dia!’ Chay e Sô entraram animados na cozinha segundos depois. ‘Opa, waffles!’ Ele sorriu.
‘Deixa de ser guloso, Chay, você acabou de tomar café!’ Sophia deu um pedala nele e nós rimos.
‘Cadê o resto?’ Perguntei com a boca cheia e ele fez careta.
‘Micael e Mel eu não sei, mas o Pedro... TÁ SE AGARRANDO COM A VICKY NA SALA!’ Ele gritou rindo e Pedro apareceu rápido.
‘Cala boca, seu idiota!’ Ele deu um pedala em Chay e Vicky entrou logo depois. ‘Waffles!’ Ele sorriu pegando um do prato.
Meia hora depois estávamos todos espalhados pela sala. Vicky e Pedro se agarravam no sofá enquanto eu, Luinha, Chay e Sophia assistíamos desenho sentados no chão. Luinha estava entre minhas pernas e com a cabeça encostada no meu ombro, ainda não tínhamos falado pra ninguém sobre o que acontecera na noite anterior.
‘Acho que a gente sobrou.’ Ela cochichou baixo apontando para Chay e Sô que se beijavam. ‘É muito cedo pra gente assumir alguma coisa né?’ Ela me olhou séria.
‘Acho que sim, pequena.’ Sorri fraco. Ela voltou a deitar a cabeça em meu ombro e ficou acariciando meu cabelo.


‘Nervoso?’ A Luinha me olhou sorrindo e eu confirmei suspirando. ‘Calma, pequeno, vai dá tudo certo!’ Ela me abraçou forte e eu beijei sua cabeça.
O McFLY (sim, esse é o nome da minha banda) iria fazer a primeira apresentação em um pub famoso. O local estava cheio e isso nos deixava ainda mais nervosos. Fazia um mês desde que eu e aLuinha tínhamos ficado pela primeira vez, ainda não tínhamos assumido nada pra ninguém, mas tenho certeza que todo mundo suspeitava, só pelo modo que a gente se olhava já deixava bem claro que existia alguma coisa além de amizade.
‘Cara, eu preciso de alguém pra me acalmar também!’ Pedro falou nervoso. Vicky já tinha voltado pra cidade dela e ele voltou a sua vida de pegador. Chay e Sophia já estavam namorando sério e o namoro do Micael e da Mel continuava firme. As meninas o olharam com pena e correram pra abraçá-lo. ‘Isso, assim tá melhor!’ Ele sorriu debilmente abraçando as meninas em um abraço grupal.
‘Três minutos, garotos!’ Paul, o dono do pub nos informou e sorriu. Nos entreolhamos sorrindo como se fossemos incapazes de dizer qualquer palavra naquele momento.
Lua andou até mim e parou na minha frente sorrindo.
‘Eu te amo.’ Ela falou baixo. Eu a olhei sem entender, ela se aproximou e passou os braços pelo meu pescoço, só então eu entendi o que ela realmente queria. Sorri a abraçando pela cintura e encostei nossas bocas. Passei a língua calmamente por seus lábios e ela os abriu fazendo com que nossas línguas se encontrassem. Um mês, cara, um mês inteiro beijando a boca dela e eu ainda sentia os choques e os arrepios. A apertei contra mim e ela sorriu. Separei nossas bocas e ficamos nos olhando sorrindo debilmente.
‘Nada do que a gente já não soubesse.’ Micael comentou tranqüilo, nos fazendo rir.
‘Tá na nossa hora.’ Chay suspirou nervoso olhando o relógio. Pegamos nossos instrumentos e eu me virei pra Luinha.
‘Eu amo você!’ Dei um selinho demorado nela e Pedro me puxou pela camisa.
Ouvimos Paul falar alguma coisa e logo depois nos chamar pro palco. Subimos mais nervosos do que nunca e começamos a tocar. Sorrimos ao perceber que o publico estava realmente gostando das nossas musicas. As meninas já sabiam praticamente todas as letras, elas sempre estavam presentes nos ensaios nos apoiando.
Cinco musicas depois saímos ovacionados do palco. Pra primeira apresentação até que tinha sido melhor que o esperado.
‘Arthur!’ A Luinha pulou em cima de mim me dando beijinhos pelo rosto.
‘Luinha, eu to suado!’ Falei rindo e ela me olhou com um sorriso maior que o rosto.
‘Eu não tenho nojo de você!’ Deu língua e eu a beijei.
‘Vamos sentar, né, casal!’ Pedro jogou uma toalha e nós nos separamos rindo. Sentamos em uma mesa e várias pessoas vieram nos falar que amaram o show, Paul até disse que queria que fôssemos tocar lá mais vezes.
‘Ao nosso sucesso!’ Chay levantou uma garrafa de cerveja e nós brindamos.
‘O papo tá bom, mas eu vou à caça!’ Pedro falou depois de um tempo nos fazendo rir. Uma loirinha passou pela mesa sorrindo pra mim e a Luinha me deu um beliscão no braço.
‘Outch!’ A olhei sem entender. ‘Eu não fiz nada, ela que sorriu!’ Me defendi, eu nem tinha retribuído o sorriso!
‘E você ia sorrir de volta, aposto.’ Ela riu cínica.
‘Deixa de ser idiota garota, é você que eu gosto e é com você que eu quero ficar.’ Falei a puxando pela nuca sem dar tempo pra ela responder. Ela sorriu passando um braço pelo meu pescoço e bagunçando meu cabelo.
‘Vamos dançar?’ Ela partiu o beijo sorrindo marota e eu fiz careta.
‘Ah não, Luinha, você sabe que eu não sei dançar.’ Passei a mão pelo cabelo e ela fez bico. ‘Ok, mas só um pouco.’ Forcei um sorriso e ela me puxou pela mão.
Estava tocando uma musica lenta e vários casais dançavam agarrados por ali.
‘Só não pisa no meu pé.’ Ela sorriu passando os braços pelo meu pescoço e eu balancei a cabeça rindo. A abracei pela cintura e apenas me deixei levar pelo ritmo da musica.
Senti a Luinha dar pequeno beijinhos em meu pescoço e apertei a cintura dela, ela soltou um risinho abafado e foi subindo os beijos até chegar em minha boca. Cara, ela realmente estava a fim de me provocar. Passei minha mão por dentro da blusa dela enquanto ela dava leves puxões em meu cabelo, e quando dei por mim já estávamos em um canto do pub completamente sem ar. Desci os beijos pro pescoço dela enquanto a ouvia suspirar em meu ouvido.
‘Arthur.’ Ela falou baixo com a voz falha. ‘É melhor a gente ir.’ Ela puxou meu cabelo pra que eu a olhasse. Levantei a sobrancelha. ‘Sabe, em local publico não é muito apropriado.’ Ela soltou um risinho safado e eu sorri entendendo o que ela quis dizer.
‘Ah, claro! Vamos!’ Falei rápido. Fomos até a mesa onde os casais estavam se agarrando. ‘Dude a gente já vai.’ Sorri e a Luinha fez o mesmo.
Fomos o caminho inteiro em silêncio, percebi que a Lua estava nervosa e tinha medo de falar qualquer coisa. Entramos em casa ainda em silêncio.
‘Luinha.’ A abracei pela cintura e ela sorriu nervosa. ‘Não vai acontecer nada que você não queira ok?’ Sorri sincero e ela confirmou com a cabeça.
‘Arthur, desde quando?’ Ela me olhou séria e eu levantei a sobrancelha. ‘Desde quando você erm... sei lá, passou a sentir alguma coisa mais do que amizade.’ Ela sorriu.
‘Desde o beijo na piscina.’ Falei encostando minha testa na dela. ‘E quando você falou na festa que aquela era nossa musica, eu tive certeza.’ Ela sorriu e mordeu o lábio.
‘In another life you must have been mine.’ Ela cantou baixinho.
‘Em outra vida eu não sei, mas nessa eu sou.’ Ok, essa foi a frase mais gay que eu já falei na minha vida. A Luinha soltou um risinho abafado e me puxou pra um beijo que começou calmo, mas foi ganhando intensidade aos poucos.
Subimos a escada sem quebrar o beijo e quando chegou no quarto a Luinha passou a mão por dentro da minha blusa. Sorri e fiz o mesmo com ela, fui levantando a blusa aos poucos e paramos de nos beijar para que eu tirasse a blusa por completo. A empurrei até a cama e me deitei por cima dela, tirei minha camisa e joguei em um canto qualquer do quarto. Eu sentia choques elétricos por cada lugar que a mão dela passava, da barriga até as costas, ela desceu as mãos pra minha bermuda e tirou o cinto, eu mesmo empurrei a bermuda com as mãos e depois com os pés. Desci minha boca pra o pescoço dela e dei pequenas mordidas ouvindo-a suspirar, tirei sua bermuda com cuidado e me encaixei entre suas pernas. Ela se arrepiava em cada lugar que eu passava minhas mãos e o mesmo acontecia comigo. Consegui tirar o sutiã dela depois de algumas tentativas frustradas e ela me pareceu mais nervosa do que nunca. Quando minhas mãos chegaram até a barra da calcinha dela a olhei pedindo permissão, ela sorriu meiga e nervosa ao mesmo tempo e eu mordi seu lábio.
‘Não existe Arthur Aguiar sem Lua Blanco.’ Sussurrei com a respiração falha.
‘Nunca vai existir Lua Blanco sem Arthur Aguiar.’ Ela sorriu agora mais confiante e eu tive a certeza de que ela queria aquilo quanto eu.
Talvez exatamente como você pensava eu seja completamente apaixonado pela Luinha. E ela? Bom, acho que ela também é apaixonada por mim. 

fim.

Créditos: Portal CSI Luar
Escritora: Yasmim


3 comentários:

  1. Fiquei até de madrugada lendo + valeu muito a pena. Muito perfeito, amei d+. Só comentei agora pq li pelo cel.

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  2. ameeeei,umas das melhores webs <33 parabens pelo blog

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